O afrofuturismo se faz presente na literatura quando enxergamos não só rostos negros nas narrativas, mas também com o resgaste dos valores e a forma de ver o mundo na nossa ancestralidade para, então, construirmos possibilidades para o futuro.
Ainda que o termo tenha sido criado por um escritor e crítico literário branco (Mark Dery, no ensaio “Back to the future”), o afrofuturismo tornou-se algo maior. Por isso, separamos uma lista com sete autores do gênero que você precisa conhecer.
Confira.
Octavia E.Butler

Apesar de as obras da autora descreverem mais a vivência afro-americana do que os valores e a cosmovisão africana em si, a história de “Kindred”, por exemplo, traz um dispositivo de viagem no tempo com o nome de Sankofa, elemento da cultura africana. Em outros livros, Butler aborda a nossa compreensão como negros para nos enxergamos no futuro. Outros romances dela publicados no Brasil são: “A parábola do semeador“, “A parábola dos talentos“, “Ritos de passagem e o conto “Sons de fala.”

Lu Ain-Zaila

Considerada a maior voz do afrofuturismo brasileiro, a escritora carioca é responsável pela primeira série futurista nacional: “Brasil 2408”, composta pelos livros “(In)Verdades” e “(R) Evolução”. A autora também escreveu a antologia “Sankofa: breves histórias afrofuturistas” e “Ìségún”, romance lançado em 2019.

Samuel R. Delany

Precursor do afrofuturismo na ficção científica, Delany traz discussões sobre negritude, sexualidade, classes sociais, memórias e linguagem. Apenas dois livros do escritor foram publicados no Brasil: “Babel-17” e “Estrela Imperial”. No entanto, essas duas histórias não são tecnicamente afrofuturistas. “Babel-17”, inclusive, ganhou a segunda edição do prêmio Nebula de 1967 e foi indicado ao Hugo Award do mesmo ano. Na história, a poeta mais popular das cinco galáxias, Rydra Wong, tem que decodificar as ondas sonoras do governo inimigo, mas descobre que, na verdade, se trata de um idioma sofisticado.

Nnedi Okorafor

A estadunidense se considera na verdade africanofuturista, que segundo ela está mais diretamente enraizado com a cultura, história, mitologia e perspectiva da África que se relaciona com a diáspora negra, sem privilegiar nem dar protagonismo à cultura ocidental. Ainda assim, ela apoia os dois movimentos. Tem somente duas obras publicadas no Brasil: “Quem Teme a Morte” (Melhor Romance do World Fantasy Award de 2010) e “Bruxa Akata”. O livro “Binti”, que ganhou o prêmio Nebula e o Hugo Award de 2016, ainda não foi publicado aqui.

Fabio Kabral

É a maior referência de afrofuturismo no Brasil ao lado de Lu Ain-Zaila. O autor é responsável pelo universo de Ketu 3, uma metrópole governada por sacerdotisas empresárias e tecnologias fantásticas movidas por fantasmas. O cenário serviu de pano de fundo para “O caçador cibernético da rua 13” e “A cientista guerreira do facão furioso”. Atualmente está trabalhando na sequência desse universo.

N. K Jemisin

A primeira pessoa negra a ganhar o Hugo Awards na principal categoria (Melhor Romance) e a única no planeta a ganhar o prêmio por três anos seguidos (2016 a 2018). Os temas abordados em suas obras são justiça social, violência e comportamento humano. Escreveu a trilogia “A Terra partida”, composta pelos livros “A quinta estação”, “O portão do obelisco” e “O céu de pedra”. Lançou “The city we became” recentemente, ainda sem tradução em português, no qual um vírus pode acabar com toda a vida na cidade Nova Iorque. Parece o coronavírus, mas na verdade é um espírito que propaga ódio, intolerância e preconceito.

Tomi Adeyemi

Autora da trilogia “O legado de Orishä”, baseada na cultura iorubá, e que possui dois livros: “Os filhos de sangue e osso”, publicado no Brasil, e “Children of virtue e vengeance” – que ainda está sendo traduzido. A primeira obra da sequência foi finalista do prêmio Nebula de 2018 e ganhou o The Andre Norton Award do mesmo ano. Além disso, o livro ficou por 50 semanas na lista de best-sellers do New York Times e foi eleito um dos melhores livros na categoria infanto-juvenil pelo Entertainment Weekly, Amazon, Time, Newsweek e Publishers Weekly.


Estudante de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará, foi repórter no Grupo de Comunicação O Povo. Comentarista do programa Último Tempo, na webrádio Cruzamento da turma da UFC de 2017.2. É formada em balé clássico pela Escola de Ballet Janne Ruth. Gosta de ficção científica, um bom romance clichê e é apaixonada por futebol, super-heróis e arte.