“Esses espaços são importantes, sobretudo no Ensino Superior, que, de certa forma, e com as suas peculiaridades, reflete as situações que ocorrem na sociedade como um todo. E entre esses desafios estão a desconstrução de estigmas e de estereótipos relacionados às questões de gênero e de raça. Além do combate a toda e qualquer forma de discriminação”, assim analisa Arilson dos Santos Gomes, professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e coordenador do Núcleo de Promoção da Igualdade Racial Kabengele Munanga (NPIR/Propae), atualmente denominado de Setor de Promoção da Igualdade Racial da Unilab.
As atividades do Setor tiveram início oficialmente em 7 de janeiro de 2016, sob a coordenação da professora Sueli Saraiva. Entre seus objetivos está o de atuar junto à Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Estudantis (Propae) e em colaboração com os demais núcleos que a compõem para desenvolver ações destinadas à promoção e valorização da igualdade étnico-racial e proteção dos direitos de indivíduos e grupos afetados por atitudes de discriminação e preconceito e demais formas de intolerância por motivação étnica ou racial.
Entre as atividades desenvolvidas estão os trabalhos da comissão de acompanhamento de discentes indígenas e quilombolas (Comissão de Heteroidentificação), de modo a complementar a política de cotas na instituição, seminários, cursos e reuniões periódicas com segmentos docentes, discentes e técnicos da Unilab.
“Ter um espaço como o Setor de Promoção da Igualdade Racial nas universidades é fundamental, já que estas instituições são voltadas para o ensino, a pesquisa e a extensão. Itens fundamentais para a transformação, para melhor, das culturas e dos saberes das próprias universidades, bem como das sociedades”, finaliza o coordenador do setor, que conta com docentes, discentes, assistentes sociais, psicólogos e técnicos educacionais.
CARIRI
No Cariri cearense, professores de diferentes universidades da região se reuniram com o intuito de compartilhar e fomentar pesquisas. Surgiu, assim, o Núcleo de Estudos Comparados em Corporeidade, Alteridade, Ancestralidade, Gênero e Gerações (Necage).
Pesquisadores da Universidade Federal do Cariri (UFCA), Universidade Regional do Cariri (Urca), Centro Universitário Leão Sampaio (Unileao), Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN) e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) uniram esforços para construir um ambiente de pesquisa colaborativo, interinstitucional e interdisciplinar.
“O Necage foi um projeto que tentamos implantar em 2016 e 2017, de pesquisa interdisciplinar e interinstitucional em várias temáticas. A ancestralidade era uma delas”,
explica o professor Emanuel Marcondes. No entanto, o grupo está disperso desde 2017 devido ao afastamento de vários de seus membros para pós-graduação.
“Posso ainda dizer que como fruto desse trabalho anterior houve a implantação na UFCA de disciplinas relacionadas à Filosofia Africana e estudos culturais que o professor Francisco José da Silva desenvolve”, destaca Marcondes.
TEXTO DE RAFAEL AYALA.
Comunicólogo e mestre em Antropologia, é especialista em Jornalismo Político e Escrita Literária e tem MBA em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais. Foi repórter e editor dos jornais O Estado e O POVO, correspondente do portal Terra e colaborador do El País Brasil. Atua hoje como assessor de comunicação. Venceu o Prêmio Gandhi de Comunicação, o Prêmio MPCE de Jornalismo e o Prêmio Maria Neusa de Jornalismo, todos com reportagens sobre a população negra. No Ceará Criolo, é repórter e editor-geral de conteúdo. Escritor, foi finalista do Prêmio Jabuti de Literatura 2020.