Nos últimos dias, três casos de racismo no futebol ganharam as páginas dos jornais esportivos e levantaram, mais uma vez, o debate em torno do que pode ser feito para esse tipo de episódio não mais acontecer dentro de campo.
Pela Liga dos Campeões na Europa, a partida entre PSG e Istanbul Basaksehir foi interrompida após o quarto árbitro, o romeno Sebastien Coltescu, ser acusado de ofensa racista contra um membro da comissão técnica do time turco. No Brasil, a Polícia Civil apura a denúncia de injúria racial feita pelo jogador do Flamengo, Gerson Santos, contra o meia Ramírez, do Bahia. Os casos foram além do futebol profissional. Luiz Eduardo Bertoldo Santiago, de 11 anos, afirma ter ouvido a frase “fecha o preto aí” durante partida do torneio infantil de escolinhas de futebol, em Caldas Novas, Goiás.
Para o professor e especialista em Antropologia e Sociologia da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Fábio Mariano Borges, o que acontece no futebol e em outras atividades esportivas é reflexo da sociedade.
“O problema não está no futebol, na ginástica olímpica ou no vôlei, e sim na sociedade que, infelizmente, não tem consciência do quão racista ela é”, diz.
Há atividades esportivas que se sobressaem quando o assunto é racismo. Raríssimos atletas ou profissionais negros fazem parte da Fórmula 1 ou do tênis, por exemplo. “A Fórmula 1 transborda racismo, misoginia, homofobia e machismo, e a indústria automobilística segue indiferente”, afirma Borges. “O [piloto inglês] Louis Hamilton colocou em debate uma das questões, o racismo, mas até agora pouco foi feito.”
Sobre futebol, Borges acredita que a força dos patrocinadores vai acelerar o debate antirracista. Grandes times, instituições e atletas serão pressionados pelas marcas. “A Nike tem se posicionado muito fortemente na questão do racismo e a pressão das grandes marcas deve chegar, se já não chegou, na FIFA”, diz. “A tendência é que a próxima Copa do Mundo tenha um debate muito forte sobre racismo e medidas antirracistas.”

O Ceará Criolo é um coletivo de comunicação de promoção da igualdade racial. Um espaço que garante à população negra afirmação positiva, visibilidade, debate inclusivo e identitário.