Um dos nomes mais importantes da literatura negra do Brasil, Carolina Maria de Jesus será homenageada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Na última segunda-feira (9/11), o Conselho de Coordenação do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da instituição aprovou a concessão do título de Doutora Honoris Causa à escritora, compositora e poetisa mineira. Trata-se do título mais importante da UFRJ e só é atribuído a alguém com vasta contribuição à cultura, educação ou à humanidade.
A decisão foi tomada por unanimidade após a direção do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) propor a homenagem póstuma, que se trata de uma forma de reparação a Carolina de Jesus. Durante décadas, a produção literária dela foi questionada por intelectuais da elite branca brasileira. Muitos diziam que o que ela escrevia sequer era literatura.
No parecer da comissão acadêmica do CFCH, o impacto do racismo estrutural na vida da escritora é destacado. “Ela não pôde ultrapassar as barreiras do racismo estrutural da sociedade e sofreu, como mulher, negra e moradora de favela, os efeitos do preconceito e da discriminação infelizmente ainda presentes na sociedade”, diz o documento.
Ao receber o título, a escritora terá o mesmo reconhecimento de figuras como Nelson Mandela, Abdias Nascimento, Milton Santos, Elza Soares, Oprah Winfrey e Muhammad Ali.
Em julho, a Companhia das Letras, maior editora em funcionamento no Brasil, anunciou que publicará uma série de livros de Maria Carolina de Jesus. O anúncio veio 60 anos depois do lançamento de Quarto de Despejo, o maior sucesso editorial da escritora.
QUEM FOI CAROLINA MARIA DE JESUS?
Carolina Maria de Jesus nasceu em Sacramento, Minas Gerais, em 1914, mas viveu a maior parte da vida em São Paulo. Em cadernos que encontrava no lixo, reaproveitava ou adquiria com grande dificuldade, deixou uma extensa produção literária. Alcançou o sucesso com o livro Quarto de despejo: Diário de uma favelada (1960), organizado pelo jornalista Audálio Dantas, mas muitos de seus escritos permanecem inéditos ou fora de circulação há décadas.

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