Imagine um lugar no qual você possa acessar jornais da imprensa negra brasileira veiculados 20, 30, 40 anos atrás! Um espaço cujo acesso é gratuito e você pode explorar de qualquer parte do mundo. Pois bem. Ele existe. Tem nome e endereço. E está ao alcance de qualquer um em poucos cliques.
O portal Negritos é um projeto idealizado e coordenado pela historiadora Martha Rosa Figueira Queiroz que foi selecionado em um dos editais do programa Rumos, do Itaú Cultural. A iniciativa visa reunir edições de jornais sobre o povo negro brasileiro produzidos e veiculados no Nordeste, notadamente nas cidades de Recife, em Pernambuco, e Salvador, na Bahia.
Onze pessoas compõem a equipe do Negritos, definido como “um projeto de memória, de comunicação, de educação e de resistência”. O site oficial diz: “é um projeto para fortalecer a memória negra que construiu o Brasil. É parte do nosso desejo de contar nossas histórias e de registrar as vozes daquelas e daqueles que chegaram antes de nós.”
Até o momento, estão disponibilizados números de cinco jornais pernambucanos (Angola, Negritude, Negração, Djumbay e Omnira) e de um soteropolitano (Jornal do MNU). Há periódicos de 1981 a 2002. O usuário pode acessar quaisquer arquivos do acervo sem pagar absolutamente nada por isso. Por ora, 69 edições dos seis jornais estão ofertadas aos visitantes.
Há a possibilidade de baixar todos esses jornais e ainda uma seção de indicação de leituras acadêmicas sobre a imprensa negra brasileira, além de imagens e vídeos sobre o assunto. “As décadas de 1980 e 1990 foram bastante férteis para a imprensa negra brasileira. A rearticulação das organizações negras durante o incipiente processo de democratização do país impulsionou uma retomada pujante dos meios de comunicação negros. Jornais e revistas começaram a circular ecoando nos quatros cantos do Brasil e do mundo a existência do racismo, as resistências negras e as riquezas das civilizações africanas e afro-diaspóricas”, afirma Martha Rosa.
A doutora em história acrescenta: “conhecer esse universo e sua importância foi determinante para projetar sua preservação. O recorte espacial restrito a Recife e Salvador, inicialmente, decorre da convivência com tais periódicos e da ciência dos poucos investimentos na pesquisa da imprensa negra nordestina. Nesse sentido, os projetos de digitalização da imprensa negra paulista foram estímulos fundamentais. O recorte temporal, de 1981 a 2002, correspondente ao período de circulação dos jornais acessados. Tendo em vista o material já reunido no acervo, parece-me que novas aquisições resultarão em poucas alterações no marco temporal.”
FICHA TÉCNICA
Idealização, Pesquisa e Coordenação: Martha Rosa Figueira Queiroz
Assistente de pesquisa: Cidinha da Silva
Auxiliar de pesquisa: Euclides Ferreira da Costa, Jefferson Queiroz da Conceição e Kauan Rocha
Digitalização: Urano Andrade
Higienização e restauração: Ritta Mota
Registro audiovisual: Alex Costa e Everton Suzart
Edição das entrevistas: Everton Suzart
Registro fotográfico: Alex Costa e Everton Suzart
Projeto Gráfico: Rodrigo Kenan
Programação: André Nankran
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O Ceará Criolo é um coletivo de comunicação de promoção da igualdade racial. Um espaço que garante à população negra afirmação positiva, visibilidade, debate inclusivo e identitário.