Um conto escrito pela professora e ativista norte-americana Toni Morrison (1931-2019) na década de 1980 e praticamente desconhecido do grande público vai chegar ao Brasil em formato de livro no dia 1º de fevereiro.
O material chama “Recitatif”, em alusão a uma expressão musical cujo significado dialoga diretamente com o tipo de escrita proposto por Morrison: “um estilo vocal ritmicamente livre que imita as inflexões naturais da fala.”
“Recitatif” retrata a vida de duas mulheres: Roberta e Twyla, uma branca e uma negra. A história atravessa a infância e chega à vida adulta, discorrendo sobre fortunas contrastantes das protagonistas, que o leitor precisa intuir a qual etnia cada uma pertence.
Especialistas apontam esse conto “desconhecido” de Morrison como uma experiência que comprova o quanto a ativista era muito mais do que uma romancista. Ela experimentava gêneros literários diversos e propunha formas de instigar o leitor. As obras da autora são marcadas pelo debate racial.
Segundo a professora de Estudos Ingleses e Afro-Americanos da Princeton University, Autumn M. Womack, “Recitatif” inclui temas encontrados em outras obras de Morrison, seja a relação complicada entre duas mulheres (cerne do romance “Sula”) ou a confusão racial (foco de “Paraíso”).
“Como a maioria dos leitores de Recitatif, achei impossível não sentir uma necessidade de saber quem era a outra, Twyla ou Roberta. Eu queria urgentemente consertar isso. Queria simpatizar afetuosamente com as personagens em um lugar seguro. Mas isso é justamente o que Morrison deliberada e metodicamente não me permite fazer. Vale a pena nos perguntar por quê”, pontua Womack.
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