O Encontro e Fórum Nacional de Juízas e Juízes Negros (Enajun/Fonajurd) venceu o Desafio Lideranças Públicas Negras, criado para reconhecer e impulsionar o trabalho de quem promove a equidade racial no setor público.
O anúncio dos três primeiros lugares foi feito nessa terça-feira (2/2). O prêmio é fruto de parceria da Arapyaú, Humanize, Fundação Lemann e República.org. Foram computados mais de 12 mil votos em sete dias de votação aberta.
“A falta de representatividade entre aqueles que ocupam os cargos da gestão pública amplia as dificuldades para a elaboração e a execução de políticas que contemplem a diversidade. Um governo plural é o primeiro passo para o combate efetivo das desigualdades”, afirma Eloy Oliveira, diretor-executivo do Instituto República.org.
Lançado em novembro de 2020, o Desafio teve 21 iniciativas inscritas. Destas, cinco foram selecionadas por gerarem melhores oportunidades em posições de liderança para profissionais negros no setor público. A eleição dos vencedores foi feita pela Internet.
O Enajun/Fonajurd venceu com aprovação de 41,7%. Em segundo e terceiro lugares, ficaram, respectivamente, “Abayomi Juristas Negras”, com 40,7%, e “Rede Mulher Ações Neabi-Ufac”, com 7,8%. Os outros dois participantes do top 5 foram “Ações Afirmativas no Serviço Público: uma Urgência”, com 6,4%, e “Criação da Coordenação de Promoção da Equidade Racial na Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro”, com 3,3%.
O Enajun/Fonajurd, iniciativa vencedora, receberá prêmio de R$ 10 mil. Além disso, os três primeiros colocados terão a possibilidade de fazer parte da rede de profissionais que participam de diversos projetos com a República.org.
“A Rede República une cada vez mais profissionais do serviço público que fazem a diferença em suas áreas de atuação. É uma plataforma para conectar, conhecer, crescer e compartilhar entre todos que estão na mesma jornada por um governo de maior e melhor impacto, sempre”, afirma Eloy Oliveira.
O Enajun/Fonajurd foi criado em 2016 com o objetivo de discutir a identidade da magistratura brasileira e os impactos do racismo estrutural no Poder Judiciário. A motivação é a pequena quantidade de magistrados pretos e pardos no país: 18,01% do total de quase 19 mil juízes e juízas.
Composto por membros das magistraturas estadual, federal e trabalhista, o Enajun é um encontro promovido por juízes e juízas negros com os demais membros do Poder Judiciário, instituições e a sociedade. Além do evento anual, que envolve palestras, atividades científicas e manifestações institucionais, a iniciativa integra uma série de outras atividades que têm como objetivo a busca da redução das desigualdades raciais no Judiciário.
“O Prêmio Desafio Lideranças Públicas Negras revela que a sociedade civil organizada demanda por igualdade racial no serviço público. Com este reconhecimento, o Enajun se fortalece como iniciativa que promove o aumento do acesso e do desenvolvimento profissional de juízes e juízas negros, além de contribuir para atuação do Poder Judiciário no enfrentamento das discriminações raciais”, declara Fábio Francisco Esteves, um dos idealizadores do Enajun.
DESIGUALDADE
O Desafio é parte da campanha “Onde estão os negros no serviço público?”, que promove o debate em torno do tema e propõe medidas para aumentar a representatividade do setor.
Negras e negros são 54% da população brasileira, mas estão longe de ocupar a mesma proporção em cargos do serviço público. No Governo Federal, por exemplo, são apenas 35,6% dos servidores. O percentual de representatividade dos negros é ainda menor quanto mais alto o escalão. Somente 5,9% dos diplomatas brasileiros, por exemplo, são negros.
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O Ceará Criolo é um coletivo de comunicação de promoção da igualdade racial. Um espaço que garante à população negra afirmação positiva, visibilidade, debate inclusivo e identitário.