Iniciativa da Coalizão Negra por Direitos, a plataforma Quilombo nos Parlamentos reúne 120 candidaturas de pessoas ligadas ligadas aos movimentos negros e que concorrem a cargos no Congresso Nacional e nas assembleias legislativas em todo o Brasil.
A ação é suprapartidária e tem como objetivo reduzir a baixa representatividade negra no poder legislativo e contribuir para um projeto de país alinhado à luta antirracista, amplificando essas candidaturas na sociedade.
“Construir uma democracia de fato exige equidade racial, justiça social e respeito aos direitos humanos. Como diz o lema da Coalizão Negra: ‘Enquanto houver racismo, não haverá democracia’”, afirma a diretora do Instituto de Referência Negra Peregum e integrante da Coalizão, advogada Sheila de Carvalho.
Ela acrescenta que os movimentos negros têm um projeto para todos os brasileiros, mas a iniciativa do Quilombo nos Parlamentos objetiva avançar na agenda antirracista para um projeto com negros no Brasil.
“Não se trata de um Brasil para os negros, mas de um projeto com negros para o Brasil. Precisamos de mais lideranças negras para que possamos falar e agir em nosso próprio nome. Mesmo sendo a maioria da população, lutamos por direitos básicos dos quais a população negra é constantemente privada, como direito à vida, à saúde, à educação, à alimentação”, completa Sheila.
“Esse é um momento de reviravolta na política. É um absurdo sermos mais de 56% da população e termos apenas 21 parlamentares negros e negras no Congresso, em um universo de 513. Nós resolvemos pautar isso de forma estrutural e estruturante e, assim, ‘aquilombar’ a política”, afirma a integrante do Coletivo Mahin da Bahia e integrante da Coalizão Negra Por Direitos, Vilma Reis.
Segundo o IBGE, 54,1% da população brasileira é composta por negros. Porém são sub-representados nos parlamentos e instituições democráticas pelo país. Em outros indicadores, no entanto, os negros são maioria. Por exemplo: o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar, mostrou que 10,7% dos lares de pessoas negras convivem com a fome, contra 7,5% de lares de pessoas brancas.
Já o Fórum Brasileiro de Segurança Pública descobriu que enquanto o número de não negros mortos caiu 33% entre 2009 e 2019, o de negros subiu 1,6%. Em 2020, 76,2% das pessoas assassinadas eram negras. Em 2022, 500 trabalhadores foram resgatados em condição análoga à escravidão pela Auditoria Fiscal do Trabalho; destes, 84% se autodeclararam negros.
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