Num mundo paralelo, a única entidade possível de vagar entre Orún e Ayé é Exu. Mas ele precisa de ajuda para libertar o axé dos orixás que não conseguem se lembrar de sua força. Para isso, recorre ao menino de 12 anos, Pablo, que utiliza sua curiosidade e seu Orí para encontrar o Opon Ifá e ajudar Exu nesta jornada. A dupla irá enfrentar grandes desafios na terra dominada pelo francês e ex-soldado Senhor Picot e suas Maximes.
Não entendeu nada? É porque você ainda não leu “A Jornada de Pablo”, do escritor Rafael Gonzaga, que será lançado neste sábado, 28 de novembro. A obra apresenta o curioso Pablo, inspirado no famoso pintor espanhol Pablo Picasso, que também teve uma jornada transformadora quando visitou uma exposição de arte africana no Museu do Homem em Paris, em 1905, e que lhe inspirou a criar um novo movimento na arte, o Cubismo.
O mesmo acontece no livro. A aventura começa quando, ao visitar o museu criado pelo Sr. Picot com o seu tio-avô, Pablo descobre uma misteriosa fenda, que o leva para as profundezas dos rolos fotográficos do velho francês, Sr. Picot. Ele é guiado por Exu, aqui representado por um menino travesso e muito esperto, que explica todas as diferenças e curiosidades da cosmogonia iorubá, novidades para Pablo.
A opção de representar Exu criança, orixá da comunicação e da linguagem, que atua como um mensageiro entre os mundos dos humanos (Orún) e das divindades (Ayé), foi para a aproximar os leitores dessa entidade que ainda é tão mal vista no Brasil por ter sua imagem associada ao demônio.
“Historicamente falando, quando missionários ingleses ingressaram em África, na região hoje conhecida como Nigéria, ao notarem as características brincalhona e pregadora de peças de Exu, eles rapidamente a associaram ao diabo. Esse não é um processo exclusivo da África. A presença religiosa no Brasil desde a época em que o país era uma colônia de Portugal também pode explicar essa má compreensão de Exu que perdura até hoje”, conta Rafael.
Outra personagem também inspirada no mundo real é o Sr. Picot. O velho soldado francês lutou em guerras e foi um dos exploradores do continente africano. Na trama, Sr. Picot tem duas armas, uma máquina fotográfica e um robô, a Maxime, inspirada nas metralhadoras MAXIM, usada em muitos países da África e que representam a colonização europeia no continente. Foi daí que veio a inspiração para o soldado aposentado, uma representação da mentalidade do colonizador ocidental, que mede o mundo a partir de sua própria régua e padrões, mesmo trato que dá para as obras de artes que encontra em suas explorações.
Para adquirir o livro: https://lyraeditorial-a-jornada-de-pablo.cheetah.builderall.com/conteudo-especial

Jornalista. Alma de cronista, coração de poeta. Tem experiência em Assessoria de Comunicação. Apaixonado por futebol, boas histórias e fim de tarde.