Uma das maiores lideranças negras do Brasil, o quilombola Antônio Bispo dos Santos, conhecido como Nego Bispo, morreu neste domingo (3/12) aos 63 anos. A família confirmou o óbito. Ele deixa um legado da relevância da intelectualidade orgânica dos povos tradicionais e o alerta urgente de transformação do mundo, como é possível constatar na entrevista que concedeu em julho deste ano ao Ceará Criolo na sua penúltima passagem por Fortaleza.
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Nego Bispo já vinha enfrentando problemas de saúde há alguns meses e tinha apresentado episódios de desmaio. Hoje, em mais uma dessas intercorrências, foi levado ao hospital. Teve uma crise convulsiva seguida de duas paradas cardiorrespiratórias e não resistiu.
Ele estava no território ao qual pertencia – o Quilombo Saco do Cortume, no município de São João do Piauí, localizado no estado do Piauí – quando sentiu-se mal. O sepultamento acontece nesta segunda-feira (4/12), conforme nota divulgada pela família, “na roça da comunidade quilombola, atendendo a seu pedido.”
“Nego Bispo tinha diabetes Mellitus de difícil controle e sofria com episódios frequentes de síncopes. Estava sendo acompanhado por endocrinologista e cardiologista”, revela publicação nas redes sociais do quilombola.
Pelo Twitter, a ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) lamentou a morte de Bispo. “Um dos maiores pensadores da nossa época ancestralizou. Nego Bispo fez a passagem e deixou aqui um legado enorme para o pensamento negro brasileiro”, postou.
Nego Bispo vinha conquistando grande espaço na agenda pública nacional. Nos últimos semestres, chegou a dar aulas nas mais tradicionais universidades do país, como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade de Brasília (UnB). Estava em franca turnê pelo país lançando o livro “A terra dá, a terra quer”, publicado pela editora Ubu.
O Ceará Criolo é um coletivo de comunicação de promoção da igualdade racial. Um espaço que garante à população negra afirmação positiva, visibilidade, debate inclusivo e identitário.