Ceará CrioloCeará Criolo
  • Inicial
  • O Ceará Criolo
    • Sobre Nós
    • Prêmios
    • Mídia Kit
    • Guia de Fontes
  • Notícias
    • Mulher negra
    • Infantil
    • Política
    • Economia
    • Saúde
    • Esporte
    • Cultura
    • Famosos
    • Educação
    • Ceará
    • Brasil
    • Mundo
    • LGBTQIA+
    • Espiritualidade
    • Publieditorial
  • Afrossaberes
    • DicionÁfrica
    • Ancestralidade
    • Fotorreportagens
  • Opinião
    • Artigo
    • Crônicas
    • Leitura Crítica
  • Colunas
    • Afroclassificados
    • AfroGeek
    • Rastros
    • Afrotransfuturista
    • Olhar Preto
    • Psicoterapreto
    • Negra Voz
  • Stories
  • Especiais
    • 85
    • Quilombo Acadêmico
    • Vidas Negras Importam
    • Entrevistas
  • Contato
Facebook Twitter Instagram
Facebook Twitter Instagram
Segunda-feira, Agosto 15
Ceará CrioloCeará Criolo
FINANCIE O CEARÁ CRIOLO
  • Inicial
  • O Ceará Criolo
    • Sobre Nós
    • Prêmios
    • Mídia Kit
    • Guia de Fontes
  • Notícias
    • Mulher negra
    • Infantil
    • Política
    • Economia
    • Saúde
    • Esporte
    • Cultura
    • Famosos
    • Educação
    • Ceará
    • Brasil
    • Mundo
    • LGBTQIA+
    • Espiritualidade
    • Publieditorial
  • Afrossaberes
    • DicionÁfrica
    • Ancestralidade
    • Fotorreportagens
  • Opinião
    • Artigo
    • Crônicas
    • Leitura Crítica
  • Colunas
    • Afroclassificados
    • AfroGeek
    • Rastros
    • Afrotransfuturista
    • Olhar Preto
    • Psicoterapreto
    • Negra Voz
  • Stories
  • Especiais
    • 85
    • Quilombo Acadêmico
    • Vidas Negras Importam
    • Entrevistas
  • Contato
Ceará CrioloCeará Criolo
Home»Opinião»Artigo»Por que tenho orgulho de me declarar preto
15677828485d7277c0706d1 1567782848 5x2 lg
Artigo

Por que tenho orgulho de me declarar preto

Bruno de CastroBy Bruno de Castro9 de Setembro, 2019Updated:24 de Abril, 2020Sem comentários5 Mins Read
Share
Facebook Twitter LinkedIn Pinterest Email

Ter a pele escura nunca foi um problema existencial pra mim. Falar de cor e sexualidade em casa é sempre muito confortável. Essa rotina me ensinou duas coisas muito cedo: 1) não baixar a cabeça para quem tenta me humilhar por eu ser preto; 2) não dar satisfação da minha orientação sexual para ninguém.

Isso fez com que eu, há algum tempo, entendido de conceitos e do que eu sonho para mim, decidisse me afirmar publicamente como homem negro e gay. É assim que faço questão de ser visto na família, no trabalho, pelos amigos, nas redes sociais e nos locais que frequento. Porque são esses meus lugares de fala (e também de escuta).

E essa é minha tese: todo negro (que se reconheça negro, claro) tem o dever moral de se posicionar assim, especialmente se for privilegiado de alguma forma. Pra demarcar território. Pros brancos saberem que a gente não aceita piada racista (sempre tão insossas). Pra todo mundo nos dar o devido valor quando chegarmos a um cargo de chefia. Pra gente ocupar cada vez mais espaços. E, no caso dos privilegiados, pra compensar quem não pode/consegue fazer isso.

Se os tempos forem de racismo, então, aí é que levanto mesmo essa bandeira. Do contrário, a gente cai na esparrela da democracia racial e no discurso cretino de que lugar de negro é nos serviços gerais, na bandidagem e na periferia. Quanto mais calados ficamos, mais somos coniventes com esse status quo que nos empurram goela abaixo.

Por isso minha indignação ao esbarrar no seguinte comentário (que transcrevo aqui sem qualquer alteração): “folha para de querer dividir as pessoas!! Não é poeta negro. É POETA!”. No Twitter, um usuário (que me recuso a nomear para não dar ibope) respondia à postagem do jornal Folha de São Paulo sobre uma reportagem.

A notícia era a seguinte: “Conheça o poeta negro de 92 anos comparado a Drummond e João Cabral”. O tal poeta é Carlos Assumpção, um senhor cuja obra é TODA pautada na resistência do povo preto. Ele é paulista, nasceu em família pobre, tem uma vida inteira de combate ao racismo usando a literatura como arma e nunca teve o devido reconhecimento. Mais um apagado pelo racismo.

Assumpção se afirmou negro em toda a sua trajetória. Agora, no fim da vida, consegue o mínimo de destaque após um jornal de grande circulação dar fé da sua existência. E há quem se sinta no direito de embranquecê-lo e dizer que ele não é poeta negro.

Veja só como o discurso racista é cruel. “Não é poeta negro. É poeta”, como se todos fôssemos iguais. Como se Assumpção não tivesse sofrido quase 100 anos o peso de ser privado de experiências, pessoas e lugares pelo simples fato de ter a pele escura. Como se nenhuma letra por ele escrita fosse preta.

Não fosse Assumpção um homem negro, preto, tição, como se diz na minha terra, de tão escura que é a pele dele, sequer seria poeta, sabe-se lá. A melanina o fez artista. Colocá-lo na vala comum (perdoem-me Drummond, João Cabral e todos os demais homens dos sentimentos e palavreados bonitos) é o mesmo que apagá-lo da história. Porque nenhum verso dele seria sobre ser preto.

É fundamental que mais e mais pessoas públicas reconheçam-se e afirmem-se como pretas. Enquanto crianças negras forem assassinadas pelo Estado, enquanto mulheres negras forem tratadas como objetos, enquanto pais de família pretos e inocentes forem presos, enquanto qualquer coisa de ruim acontecer no tempo em que vivemos em decorrência de cor de pele, nós temos obrigação moral, sim, de nos afirmarmos pretos. Mais e mais gente tem que ir pra cima e não baixar a cabeça. Mais e mais gente tem que revidar aos absurdos. Mais e mais gente tem que reivindicar o lugar no mundo que a gente sonha pra gente.

Se o próprio Assumpção se coloca como homem preto, quem é você para tratá-lo apenas de poeta? Ele é poeta PRETO, sim. Tal qual eu sou jornalista preto. E Djamila Ribeiro é uma filósofa preta. E Conceição Evaristo é uma escritora preta. E Maju Coutinho é uma apresentadora preta. E Preto Zezé é um preto desde o nome.

Respeitem a nossa história! Porque quando o sistema de cotas não existia, os brancos eram os primeiros a “dividir as pessoas”. Quando um negro é achincalhado na rua, os brancos são os primeiros a “dividir as pessoas”. Quando um jovem é torturado a chicotadas em pleno 2019, os brancos são os primeiros a “dividir as pessoas”. Quando depois de muito esforço um preto ocupa uma posição de destaque, os brancos são os primeiros a “dividir as pessoas”. E essa divisão é sempre desigual. Nós, negros, somos sempre a escória.

Então, por favor, não me venha com essa balela de “não é poeta preto”, “basta querer”, “escolhemos pela meritocracia” ou qualquer outra lorota que inventaram por aí – e você acredita e dissemina – pra justificar a divisão social escrota deste país. Sou negro, sim. Com orgulho.

PS: não preciso dizer que o autor do comentário é branco, né?

bb
Bruno de Castro

Jornalista por formação. Foi repórter e editor dos jornais O Estado e O POVO, correspondente do portal Terra e colaborador do El País Brasil. Atua hoje como assessor de comunicação. Venceu o Prêmio Gandhi de Comunicação, o Prêmio MPCE de Jornalismo e o Prêmio Maria Neusa de Jornalismo, todos com reportagens sobre a população negra. No Ceará Criolo, atua como repórter e editor. É também escritor e foi finalista do Prêmio Jabuti 2020. É especialista em Jornalismo Político e em Escrita Literária. Tem MBA em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais e atualmente cursa mestrado em Antropologia na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).

Share. Facebook Twitter Pinterest LinkedIn Tumblr Email

Related Posts

Caso Milton Sanca: nem na morte temos paz!

12 de Maio, 2022

Kwami Alfama: Como a vivência internacional me preparou para os cargos de liderança

15 de Fevereiro, 2022

Vocês colocam pauta racial em tudo

23 de Dezembro, 2021

Saiu da vida e entrou para a história: bell hooks, um eterno legado nos deixou

15 de Dezembro, 2021

Novembro de Zumbi, Prata Preta e João de Cândido

20 de Novembro, 2021

Racismo contra delegada desmonta tese de que problema no Brasil é “de classe”

20 de Setembro, 2021
Add A Comment

Leave A Reply Cancel Reply

Sobre nós
Na contramão do discurso excludente e enervado de clichês da mídia tradicional, o portal Ceará Criolo garante à população negra um espaço qualificado de afirmação, de visibilidade, de debate honesto e inclusivo e de identificação. Um lugar de comunicação socialmente inclusiva, afetivamente sustentável e moralmente viável. Porque negros são seres humanos possíveis e ancestrais. E por isso, queremos nos reconhecer no passado, no presente e no futuro!
Artigos recentes
  • A morte, na perspectiva africana, é tema dos poemas de Maria Dolores Rodriguez
  • Ceará Criolo é selecionado para projeto nacional do Google de jornalismo de qualidade
  • Canal Brasil faz mostra especial em comemoração ao Dia da Mulher Negra hoje (25/7)
  • Dani Nega fala sobre invisibilidade e marginalização de mulheres lésbicas em seu novo single
  • Carlinhos Brown leva para o Carnaval de Londres o primeiro trio elétrico totalmente sustentável da história
QUER SUGERIR PAUTA?

Envie sua sugestão de pauta para nossa redação através do falecom@cearacriolo.com.br ou deixe-nos uma mensagem no formulário abaixo.

Ceará Criolo
Facebook Twitter Instagram
  • Inicial
  • Contato
© 2022 ThemeSphere. Designed by ThemeSphere.

Type above and press Enter to search. Press Esc to cancel.

Gerenciar Consentimento de Cookies
Para fornecer as melhores experiências, usamos tecnologias como cookies para armazenar e/ou aceder a informações do dispositivo. Consentir com essas tecnologias nos permitirá processar dados, como comportamento de navegação ou IDs exclusivos neste site. Não consentir ou retirar o consentimento pode afetar adversamente certos recursos e funções.
Funcional Sempre ativo
O armazenamento ou acesso técnico é estritamente necessário para o fim legítimo de permitir a utilização de um determinado serviço expressamente solicitado pelo assinante ou utilizador, ou para o fim exclusivo de efetuar a transmissão de uma comunicação numa rede de comunicações eletrónicas.
Preferências
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para o propósito legítimo de armazenamento de preferências não solicitadas pelo assinante ou usuário.
Estatísticas
O armazenamento técnico ou acesso que é usado exclusivamente para fins estatísticos. O armazenamento técnico ou acesso que é usado exclusivamente para fins estatísticos anónimos. Sem uma intimação, conformidade voluntária por parte de seu Provedor de Serviços de Internet ou registos adicionais de terceiros, as informações armazenadas ou recuperadas apenas para esse fim geralmente não podem ser usadas para identificá-lo.
Marketing
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para criar perfis de usuário para enviar publicidade ou para rastrear o usuário em um site ou em vários sites para fins de marketing semelhantes.
Gerenciar opções Gerir serviços Gerenciar fornecedores Leia mais sobre esses propósitos
Ver preferências
{title} {title} {title}