Originário da língua banto, kilombo significa “povoação ou fortaleza”. No Brasil Colônia e no Brasil Império, era sinônimo de resistência e liberdade cultural, religiosa e do trabalho forçado para aqueles que conseguiam fugir. Criada em novembro de 2018, a página Quilombo Intelectual (www.facebook.com/quilombointelectual) não busca esconder ninguém. Pelo contrário: o objetivo é dar visibilidade à produção do conhecimento sobre as temáticas negra, LGBTQ+, minorias sociais e direitos humanos em diversas áreas.
A idealizadora e gerente da página é Franciéle Carneiro Garcês da Silva, bibliotecária negra, mestra em Ciência da Informação e doutoranda em Ciência da Informação. Durante a graduação na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), ela integrou o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e começou a estudar a temática negra na Biblioteconomia. Lá, participou do projeto de extensão “Biblioteca de Referência sobre Diversidade Cultural”, com atividades de divulgação científica de materiais bibliográficos do acervo da biblioteca por meio de mídias sociais.
“Aliado a isso, houve o incômodo pessoal que tenho diariamente ao ler nas mídias os casos de racismo, homofobia, lesbofobia, violência contra a mulher e violações dos direitos humanos que têm ganhado grandes proporções. Acredito que a falta de informação é que promove o preconceito, a violência e fobias e que somente a educação pode acabar com isso. Entendo ainda que há um projeto de nação que perpetua o mito da democracia racial e o racismo como estrutural e estruturante dentro da sociedade. Dessa forma, após graduada e já no mestrado, onde elaborei uma Cronologia da Biblioteconomia Negra Brasileira com a produção científica sobre o Negro na minha área de formação, resolvi criar o Quilombo Intelectual”, explica.
O Quilombo Intelectual busca divulgar conhecimentos para quem não possui acesso ou desconhece autores e autoras. As publicações mais recentes, por exemplo, abordam educação das relações étnico-raciais e Educação de Jovens e Adultos, livro didático e as relações étnico-raciais e a trajetória da escritora Conceição Evaristo.
Além disso, Franciéle Carneiro percebeu o fato de muitas pessoas não conhecerem autores e autoras negras, indígenas e LGBTQI+ contemporâneos e atemporais que abordam as questões étnico-raciais e de gênero em diversas áreas. Assim, o Quilombo Intelectual é a forma encontrada para devolver o que aprendeu e aprende todos os dias.
“Como mulher negra dentro da academia, sinto o desejo de tornar visível a produção científica realizada por pessoas negras como eu, assim como de outras pessoas que buscam visibilizar o conhecimento produzido por e sobre outras etnias, trazendo para superfície aqueles que estão sempre à margem da sociedade, inclusive na produção do conhecimento”, destaca.
Conheça o Quilombo Intelectual: www.facebook.com/quilombointelectual
Jornalista. Alma de cronista, coração de poeta. Tem experiência em Assessoria de Comunicação. Apaixonado por futebol, boas histórias e fim de tarde.