Racismo ambiental é um tema que tem conquistado cada vez mais espaço no debate público brasileiro. Para contribuir com as discussões, o Instituto de Referência Negra Peregum lançou o livro “Racismo Ambiental e Emergências Climáticas no Brasil”, que está disponível para download gratuito.
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Fruto de uma formação realizada para fortalecer lideranças do movimento negro e suas redes, a publicação tem como objetivo abordar questões climáticas e ambientais a partir das desigualdades sociais e raciais, além de chamar atenção de movimentos ambientalistas tradicionais para o cruzamento entre estes temas. A Oralituras é a editora responsável pela obra.
“É de extrema relevância pautar o racismo nas discussões sobre impactos ambientais e justiça climática, tendo em vista que a população negra, periférica e de comunidades tradicionais, em geral, são as mais afetadas pela degradação progressiva do meio ambiente causada pela ganância e pelo modo de produção capitalista”, afirma Maíra Rodrigues, coordenadora da área de Racismo Ambiental do Instituto Peregum.
A publicação destaca importantes especialistas do movimento negro que apresentam suas contribuições na obra. Entre essas pessoas estão Dulce Maria Pereira, Nilma Bentes, Regina Lucia dos Santos e Selma Dealdina, todas importantes militantes do movimento negro brasileiro e especialistas em temáticas ambientais, e Suely Araújo, ex-presidente do Ibama.
Entre os capítulos abordados na publicação estão: Ecoafricanidades; O que são mudanças climáticas; Panorama das mudanças climáticas e seus impactos no território; Racismo ambiental: justiça climática é justiça racial; entre outros.
“Poucas organizações tratam do conceito de racismo ambiental no Brasil. Pretendemos ser este lugar que valoriza as relações das pessoas com o resgate do conhecimento popular e ancestral conectado e articulado ao conhecimento acadêmico. E principalmente, trazendo para a centralidade direitos humanos e territórios, sempre. Queremos ampliar as vozes do debate sobre racismo ambiental, trazendo questões de como esse modelo convencional e capitalista de produção e consumo, baseado na exploração intensiva da vida e dos recursos naturais, é distribuído de forma desigual, afetando principalmente a população negra”, reforça Vanessa Nascimento, diretora-executiva do Instituto.
Racismo ambiental
Cunhado pelo Dr. Benjamin Franklin Chavis Jr, o conceito teve sua origem em pesquisas sobre os impactos dos resíduos tóxicos na população negra nos Estados Unidos. Em outras palavras, o racismo ambiental aborda as injustiças ambientais que colocam populações para viver perto de lixões, rios, entre outros locais que vulnerabilizam essas pessoas a partir de ações sistêmicas da sociedade.
É um termo utilizado para se referir ao processo de discriminação que populações periferizadas ou compostas de minorias étnicas sofrem através da degradação ambiental. A expressão denuncia que a distribuição dos impactos ambientais não se dá de forma igual entre a população, sendo a parcela marginalizada e historicamente invisibilizada a mais afetada pela poluição e degradação ambiental.
Sobre o Instituto de Referência Negra Peregum
Criado por militantes da luta por educação, o instituto compõe o movimento negro brasileiro. É uma organização sem fins lucrativos, com natureza de direito privado e tem a missão de promover a difusão da educação, da comunicação e dos direitos humanos, bem como a oferta de cuidado e assistência e o incentivo do protagonismo da população negra no Brasil, suas organizações e novas lideranças da periferia, comprometidas com os desafios sociais da realidade brasileira. A organização atua apoiando iniciativas e projetos populares que promovam pessoas negras, moradoras e moradores de territórios periféricos e vulneráveis, além de organizações, movimentos e coletivos.
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O Ceará Criolo é um coletivo de comunicação de promoção da igualdade racial. Um espaço que garante à população negra afirmação positiva, visibilidade, debate inclusivo e identitário.