Em meados de 1863, a escravidão foi oficialmente abolida nos Estados Unidos. Anos antes, em 1858, nascia William Dorsey Swann, no estado de Maryland. Nos cinco primeiros anos de vida, portanto, Swann foi escravizado. Em 1880, 17 anos após a abolição, ele se tornou a primeira pessoa a se autodenominar “queen of drags”, o que faz dele a primeira drag da história.
Para Swann, o termo “queen of drags” era responsável pela construção de possibilidades artísticas para a população negra. Tanto que o termo remetia a atores que interpretavam personagens femininos em espetáculos.
William Dorsey Swann foi preso inúmeras vezes. Em um dos encarceramentos, ficou dez meses na cadeia sob a acusação de “representação feminina” e por “manter uma casa desordenada”. Isso porque ele organizava bailes drag, que reuniam pessoas negras para dançar e se vestir como verdadeiras rainhas. A partir disso, provavelmente se originou a referência do estilo artístico que conhecemos hoje.
Swann também é lembrado pela coragem de enfrentar a Polícia, que reprimia fortemente os bailes organizados pelas drag queens negras. Em 1888, ele foi preso junto com outras drags e encarou a Polícia gritando que os policiais não se comportavam “como cavalheiros”, atitude incomum se considerarmos um contexto de pós-abolição num país como os Estados Unidos.
Recentemente, a história de William Dorsey Swann foi documentada no livro escrito pelo pesquisador Channing Gerard Joseph. Intitulada “House of Swann”, a obra é fruto de uma pesquisa aprofundada, que se estendeu por 15 anos, sobre a vida do homem negro precursor do termo drag queen. O livro deve ser lançado ainda em 2020 pela editora Crown, nos Estados Unidos.