“Eu cresci em um mundo onde uma mulher que se parece comigo, com meu tipo de pele e cabelo, nunca foi considerada bonita. Isso acaba hoje”. Foram essas as primeiras palavras da sul-africana Zozibini Tunzi, 26, vencedora do Miss Universo 2019. Representatividade negra e africana, nas palavras dela.
Em sua 68ª edição, o concurso teve 88 candidatas de diversos países e ocorreu em Atlanta, nos Estados Unidos. “É uma honra absoluta representar, como negra e africana, a inclusão e a diversidade”, disse, logo após ser coroada. Tunzi nasceu em Tsolo, província de Eastern Cape, na África do Sul. Cresceu em uma vila chamada Sidwadweni. Em 2018, graduou-se em Relações Públicas pela Universidade de Tecnologia de Cape Town.
Em uma postagem no Instagram, a Miss Universo disse: “que toda garotinha que testemunhou esse momento acredite para sempre no poder de seus sonhos e que eles possam ver seus rostos refletidos nos meus”. Representatividade importa e certamente influencia a mente e o olhar de crianças negras que observam uma conquista como a da sul-africana. Tunzi representa além do que se vê como vitória em um concurso de beleza.
Zozibini é apenas a terceira sul-africana a vencer a competição. As anteriores foram Demi-Leigh Nel-Peters (2017) e Margaret Gardiner (1978). Mesmo sendo a terceira de seu país a vencer o concurso, ela é a primeira sul-africana negra coroada. E ainda é apenas a quinta mulher negra com a coroa, depois de Janelle Commissiong (1977), Wendy Fitzwilliam (1998), Mpule Kwelagobe (1999) e Leila Lopes (2011). Em 2017, Tunzi havia competido pela primeira vez ao Miss África do Sul.
Como mulher negra, a sul-africana Tunzi reflete sobre a dificuldade de mulheres negras se sentirem bonitas. “A sociedade foi programada durante muito tempo para não ver a beleza de maneira negra. Mas agora estamos entrando em um tempo em que finalmente as mulheres como eu podem saber que somos bonitas”. Em 2018, a África do Sul foi representada também por outra mulher negra: Tamaryn Green, de 25 anos.
Em território brasileiro, as concorrentes ao concurso nos últimos anos têm sido mulheres negras e pardas: Jakelyne Oliveira (2013), Raissa Santana (2016), Monalysa Alcântara (2017) e Mayra Dias (2018).
A representatividade negra em 19 outras faixas:
Estados Unidos – Cheslie Kryst
Estados Unidos (miss teen) – Kaliegh Garris
America – Nia Franklin
Barbados – Shanel Marie
Alemanha – Miri Anderson
Angola – Salett Miguel
Bahamas – Tarea Bianca Sturrup
Belize – Destinee Arnold
Curaçao – Kyrsha Ataff
Guiné Equatorial – Serafina Nchama
Haiti – Gabriela Clesca Vallejo
Ilhas Virgens Britânicas – Bria Smith
Irlanda – Fionnghuala O’Reilly
Nigéria – Olutosin Itohan
Quênia – Stacy Michuki
República Dominicana – Clauvid Daly
Santa Lucia – Bebiana Mangal
Serra Leoa – Marie Esther Bangura
Tanzânia – Shubila Stanton
Jornalista. Tem experiência nas áreas de Radiojornalismo (Rádio O POVO CBN), assessoria de comunicação (Defensoria Pública do Estado do Ceará) e webjornalismo e jornalismo impresso (Portal O POVO Online). Trabalhou como voluntária de marketing social na Fundación Sotrali em La Plata, Argentina. Passou pela redação do jornal sul-africano Mail & Guardian como repórter freelancer em Joanesburgo, África do Sul. É preocupada com questões raciais desde os 18 anos, quando se descobriu negra. Tem um pé na Moda.