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Mesmo após o pedido de arquivamento de seu lançamento pela Agência Nacional do Cinema (Ancine) , o longa chegou aos telões no dia 4 de novembro de 2021, após mais de dois anos de atraso.
A despeito das polêmicas suscitadas aqui no Brasil, a cinebiografia do guerrilheiro brasileiro dirigida pelo ator Wagner Moura, recebeu aplausos calorosos em sessão realizada em Berlim, ainda em 2019.
Político, escritor e guerrilheiro, Carlos Marighella é uma das figuras brasileiras mais importantes na luta conta a ditadura militar durante a década de 1960 e seu nome voltou à tona fortemente após o lançamento do filme com seu nome .
Considerado o grande inimigo do regime autoritário, o ativista foi assassinado em uma emboscada armada pelo Dops (Departamento de Ordem Política e Social), órgão responsável pela manutenção do governo.
Impedido de atuar oficialmente na política, Marighella intensificou a articulação na militância e foi um dos primeiros alvos da ditadura militar instaurada em 1964.
No mesmo ano, foi baleado e preso pelo Dops – um ano depois, ao ser libertado, se engajou na luta armada contra o governo.
Livremente inspirado na biografia do jornalista Mário Magalhães lançada em 2012, "Marighella” cobre os últimos anos de vida do ativista.
Antes mesmo de seu lançamento, surgiu com força o questionamento do negro de pele clara Marighella ser interpretado por um negro de pele escura, no caso o ator e cantor Seu Jorge.
Marighella era um homem negro ou, no mínimo, socialmente negro para os padrões adotados pelo Brasil no século XX. O fato de ser negro, entretanto, nunca chegou a determinar os traços mais característicos de sua trajetória de militante comunista por mais de trinta anos.
Marighella, como toda a esquerda da época, não atribuía centralidade a esta questão, menos em função de se considerar “mulato”, termo comum na época e usado pelo próprio comunista em algumas situações.
Em vista disso, a escolha de Seu Jorge para o papel de Marighella, por Wagner Moura, é parte das escolhas políticas e estéticas.
A essa polêmica, atribuímos uma das formas com as quais o racismo se fortalece, já que aqueles que imputam o estereotipo de branquitude a Marighella pretendem diminuir a importância das lutas dos movimentos negros.