ancestralidade
A iniciativa é coordenada por Paulo César Ramos, pesquisador do Afro, o núcleo de estudos sobre a questão racial do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).
A perda histórica não é banal. Não somente fotografias, mas gravações, correspondências, atas de reuniões, rascunhos de discursos, panfletos e cartazes que contam a trajetória de organizações e movimentos sociais negros do país ainda estão guardados, em grande parte, devido ao esforço pessoal de seus integrantes.
A preservação da memória documental do ativismo negro está ainda mais fragilizada no atual governo, com a escolha de Sérgio Camargo —crítico da militância e negacionista do racismo estrutural.
Januário Garcia
Com um acervo da ordem de 65.000 arquivos analógicos, além de imagens digitais, ele tinha consciência da necessidade e da urgência de preservar seus registros.
A ação encabeçada pelo Afro-Cebrap é realizada em parceria com duas instituições: a Universidade da Pensilvânia, nos EUA, e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Entre as primeiras coleções obtidas pelo Afro Memória está a de Milton Barbosa, de 73 anos, militante e dirigente histórico do Movimento Negro Unificado (MNU).
Foi ele que leu o discurso que lançou o movimento nas escadarias do Theatro Municipal de São Paulo, em 7 de julho de 1978, em um ato público contra a discriminação e a violência policial que moldou a dinâmica do ativismo negro contemporâneo.