O RAP ANTICOLONIAL DE EMICIDA; E POR QUE URGE ESCUTÁ-LO
Você pode não ser um grande fã do gênero, tudo bem. Mas uma coisa que é impossível ficar alheio é o pensamento crítico e o resgate à ancestralidade presente na discografia do gênio Emicida.
Mas eu nem curto rap...
Vamos lá descobrir por quê?
O nome real de Emicida é Leandro Roque de Oliveira. Nascido em São Paulo, tem 35 anos e, além de rapper, é letrista e compositor.
Iniciou sua carreira em 2005, lançando seu primeiro álbum "Pra quem já Mordeu um Cachorro por Comida, até que eu Cheguei Longe..." apenas em 2009, que já mostra a que veio...
Na 23ª faixa do álbum, "Triunfo", o rapper paulista já anuncia nas suas rimas que ele "saca" que sua história não começa nele, mas em toda sua ancestralidade, e que por isso...
seu triunfo não é considerado apenas uma vitória pessoal, mas de todo um "império" do qual ele se sente pertencente e pelo qual deve lutar
Me entenda nesse instante
Essa cerimônia marca o começo do retorno do império Ashanti
Atabaques vão soar como tambores de guerra
Meu exército marchando pelas rua de terra
— Triunfo
O Império Ashanti ou Império Asante, também conhecido como o Ashanti Confederacy ou Asanteman (independente de 1701-1896), foi um pré-colonial estado do oeste africano que é hoje a Ashanti, em Gana. Império Ashante (esboço vermelho) durante o século 19.
NA LETRA...
A "real" é que esse traço de evocar o passado para falar do presente, resgatar seus ancestrais e empoderar o povo preto e periférico é presente em muitas tracks do artista, ao longo de toda sua carreira...
o que o transformou em mais que um rapper, mas um verdadeiro pensador contemporâneo brasileiro, que merece ser escutado e apreciado.