Uma das coisas que mais tenho percebido nesse caminho de desconstrução da criação racista na qual somos moldados é como nosso consumo é manipulado para ser branco. Como não seria? Desde a bibliografia usada nas escolas e universidades, passando pela História oficial, pelos mercados literário e fonográfico – para ficar em apenas alguns exemplos – o protagonismo é branco. Quantos discos nacionais você ouviu esse ano? Quantos eram de artistas negros?
Trouxemos 20 pretinhosidades (alô, Mart’nália!) lançadas em 2018 para te dar esse help na descolonização e desembranquecimento do gosto musical. Tem opções, se não para todos, para muitos ouvidos se deliciarem com a produção preta brasileira. Esse ano tivemos gratas surpresas e nomes já com carreiras locais consolidadas explodindo nacionalmente. Ainda bem!
Veteranxs voltaram com tudo nos seus discos, amenizando nossa saudade e trazendo esperança de que ainda vão nos presentear por muito tempo. E as mulheres…Ah! Essas pretas estão no páreo mais do que nunca! Tem álbum independente, gente premiada, mistura de ritmos, parcerias lindas, estilos tão próprios que fica difícil colocar a etiqueta da definição x, y ou z. Quem pensaria em viagens como de Santo Amaro a Xerém ou do Oiapoque a Nova York?
Em um ano tão difícil para a cultura, a relação desses discos mostra mais uma vertente de resistência. Isso também está presente em boa parte das músicas. São atestados de lucidez e coragem. A lista não é um ranking e nem é taxativa. Está em ordem alfabética e não escalonada do mais pro menos importante ou vice-versa. Essa hierarquização fica a gosto do freguês. É um aperitivo da música preta produzida no Brasil.
Conta pra gente, quantos você ouviu. Quais são teus favoritos? Você indica algum que não está aqui? Aproveite, curta, presenteie, compartilhe, se inquiete e questione. E que em 2019 a gente tenha a possibilidade de ver a música negra brilhar ainda mais!
– Bandeira da Fé (Martinho da Vila)
– Bluesman (Baco Exu do Blues)
– Comunista Rico (Diomedes Chinaski)
– De Santo Amaro a Xerém (Zeca Pagodinho e Maria Bethânia)
– Do Oiapoque a Nova York (Flávio Renegado) – Som de Madureira (Pretinho da Serrinha)
– O desmanche (Craca e Dani Nega)
– O menino que queria ser Deus (Djonga)
– Sonorosa (Mestre Anderson Miguel)
![20 discos pretos lançados em 2018 1 Tatiana Lima Ceará Criolo](https://cearacriolo.com.br/wp-content/uploads/2018/10/WhatsApp-Image-2018-10-22-at-21.16.37-e1540330355710.jpeg)
Publicitária. Movida por decibéis, apegada ao escurinho do cinema e trilha o aprendizado de ser uma mulher preta. Trabalhou em agências de Fortaleza e Salvador ao longo de 10 anos. Hoje responde pela Mídia na Set Comunicação, house da Educadora 7 de Setembro.