Alguns dos nomes mais representativos do movimento negro do Brasil estão unidos em um vídeo-manifesto que convida brasileiros e brasileiras a somarem-se à luta antirracista. A ação faz parte da campanha “Vidas Negras”, lançada pela plataforma de petições online Change.org.
No vídeo, os influenciadores apresentam um manifesto narrando marcos históricos que tornaram a sociedade brasileira estruturalmente racista. Ao longo de pouco mais de dois minutos, discorrem sobre a condição da negritude no Brasil e denunciam desigualdades com base em dados e contextualização histórica.
A rapper e historiadora Preta Rara abre as falas lembrando que a escravidão resultou no tráfico de mais de CINCO MILHÕES de vidas da África para o Brasil em um regime que durou 350 anos e perpetua desigualdades até hoje. “Um projeto de abolição questionável que negava direitos básicos e marginalizava negras e negros. Enquanto isso, facilitavam a migração para europeus.”
“Como poderíamos prosperar?”, emendam os influenciadores em referência a um processo de libertação que não contou com a concessão de terras para plantio, moradia ou acesso a serviços básicos – como saúde e educação – à população escravizada.
Apesar de pretos e pardos serem maioria na população brasileira (54%), são minorias em cargos executivos e na política, citam os militantes no vídeo. Para quem tem a pele preta, a representação em maioria acontece em índices como o de maior pobreza, maiores vítimas da violência e mais alta taxa de evasão escolar.
“Dentre os mais pobres no Brasil, 78% das pessoas são como eu, negras”, pontua o educador Douglas Belchior. “A cada 23 minutos, um jovem negro é violentamente assassinado no Brasil. Até quando vão fechar os olhos para isso?”, questiona o militante em outro ponto.
O vídeo-manifesto mostra ainda iniciativas populares que lutam em torno de causas antirracistas por meio de abaixo-assinados. Entre as mobilizações exibidas está a que reúne 130 mil apoiadores para empregadas domésticas terem quarentena remunerada na pandemia; outra pressiona por cotas para pretos no serviço público e outra pede a substituição da foto de Machado de Assis embranquecido nos livros.
O vídeo foi feito pela Oxalá Produções e conta ainda com as participações de Preta Ferreira, militante do movimento por moradia; Maria Clara Araújo, transfeminista e educadora decolonial; além do escritor e pesquisador Ale Santos. O conteúdo da campanha também foi produzido e desenvolvido por uma equipe 100% negra e respeitou a quarentena.
A diretora-executiva e produtora da Oxalá, Joyce Prado, comenta sobre a importância da mobilização civil e do engajamento da sociedade como pressão sobre os poderes para uma verdadeira mudança social. “A campanha ‘Vidas Negras’ está envolvida por esse desejo de construir a relevância do indivíduo e da sociedade civil dentro dessa pressão social tão importante para mudanças estruturais. Que as pessoas se mobilizem, ajam, se comprometam; que elas se engajem e que vejam, sim, os abaixo-assinados como forma de interferir na sociedade que a gente vive.”
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Ficha técnica
Campanha Change.org: Anne Galvão e Débora Pinho
Participações: Ale Santos, Douglas Belchior, Maria Clara Araújo, Preta Ferreira e Preta-Rara
Produção: Oxalá Produções (Joyce Prado, Samya Campos, Victor Crispim, Ronaldo Sagara, Kato Change, Arthur Baeta)
Mídia: Débora Pinho
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