Ancestralidade, espiritualidade, musicalidade, leveza, suavidade e inspiração. São palavras que traduzem a experiência de ouvir o som do Mbira, instrumento musical tocado há mais de 1.000 anos, surgido no Zimbábue, país situado no Sul do continente africano.
Ele é tradicional do povo Shona do Zimbábue, mas pode ser encontrado em outros territórios da África. Em celebração a esse tipo de afrossaber, o Google homenageou a ferramenta e o povo negro com um Doodle.
O Doodle (versões modificadas da logomarca do Google) é usado para celebrar datas comemorativas, prestar homenagens e celebrar eventos relevantes. E, dessa vez, o Mbira foi o escolhido para ser reverenciado em uma estrutura interativa e inspiradora, exatamente na Semana Cultural do Zimbábue. Confira:
https://www.google.com/doodles/celebrating-mbira
A narrativa trazida no Doodle conta a história de uma menina que está aprendendo a tocar. Quando criança, ela escutava o som sendo tocado por um ancião. Encantada com a beleza do Mbira, a partir daí, ela acompanha o processo de produção do instrumento até o momento de aprendizagem.
No início, o Mbira era tocado exclusivamente por homens no Zimbábue. No entanto, as mulheres cada vez mais têm se apropriado do conhecimento ancestral que é manusear o instrumento.
Buscando sempre preservar a raiz e o elo com a ancestralidade, novos direcionamentos surgem também na contemporaneidade. A ferramenta é bastante destacada em cerimônias do povo Shona, como casamentos e rituais.
A estruturado Mbira é feita por uma placa de madeira (gwariva) com 22 a 28 teclados finos de metal postos de forma escalonada. Para utilizá-lo, é preciso tocar as teclas apenas com polegares e indicadores. O que fornece a amplificação ao som emitido é uma grande cabaça oca (deze) e materiais como tampas de garrafas ou conchas, que podem ser fixadas na placa de som, criando o zumbido exclusivo do Mbira.
Além do povo Shona, o instrumento se tornou popular entre povos indígenas do Zimbábue e de Moçambique, país vizinho. E foi ressignificado onde chegou. É também chamado de Kalimba, uma versão ocidentalizada e desenvolvida em meados da década de 50 pelo etnomusicologista Hugh Tracey. É como é conhecido fora da África. É chamado ainda de “harpa ou piano de dedo.”
Ouça e traga para mais perto do seu ouvido a beleza musical do Mbira:
Jornalista. Tem experiência nas áreas de Radiojornalismo (Rádio O POVO CBN), assessoria de comunicação (Defensoria Pública do Estado do Ceará) e webjornalismo e jornalismo impresso (Portal O POVO Online). Trabalhou como voluntária de marketing social na Fundación Sotrali em La Plata, Argentina. Passou pela redação do jornal sul-africano Mail & Guardian como repórter freelancer em Joanesburgo, África do Sul. É preocupada com questões raciais desde os 18 anos, quando se descobriu negra. Tem um pé na Moda.