A CAIXA Cultural Fortaleza apresenta, entre 02 de novembro e 23 de dezembro, a exposição (Re)Conhecendo a Amazônia Negra, da fotógrafa Marcela Bonfim. A abertura será nesta quinta-feira, dia 1º, com coquetel e visita guiada pela fotógrafa. A mostra traz 55 fotografias que ilustram as mais diversas identidades e culturas presentes entre os povos negros da Amazônia e a importância social das religiões de matriz africana na construção do Brasil.
As obras trazem de maneira sensível e original as mais diversas expressões dos grupos que residem na região Norte do País, dentre eles remanescentes quilombolas, afroindígenas, barbadianos e haitianos. Todos carregam em seus traços as heranças socioculturais de uma parcela importante da população brasileira que ainda não é reconhecida historicamente.
As fotos foram produzidas a partir de 2013, durante visitas feitas por Marcela Bonfim a comunidades quilombolas, tradicionais, indígenas e urbanas, além de terreiros e festejos religiosos na região do Vale do Guaporé (RO), em um processo que coincidiu com o próprio reconhecimento da fotógrafa enquanto mulher negra.
Segundo Marcela, “Mais que fotografia, o aspecto fundamental da proposta é a crítica ao percurso da história oficial sobre a negritude brasileira. Apesar do importante papel que os negros desempenharam e ainda desempenham para o desenvolvimento econômico, cultural e social do País, há mais de 500 anos, ainda padecem com as ambiguidades e injustiças causadas inicialmente pela seletividade das informações contidas nos livros de história e demais registros de memória, o que é um projeto de degradação e inferiorização destas populações, dos seus costumes e cultura”, aponta.
Expressões de fé
A exposição propõe um verdadeiro mergulho na cultura e subjetividade dos povos negros da Amazônia, trazendo histórias de vida e também de expressões religiosas de matriz africana. Logo na entrada, o visitante encontrará um altar trazendo alguns dos objetos de variadas religiões, encaminhando-o à primeira parte da mostra.
As imagens seguintes revelam variadas expressões de fé impressas nos detalhes de mãos, pés e semblantes de um povo que mantém fortemente suas tradições e festas religiosas. Elementos como espadas-de-são-jorge e sal grosso também irão compor a expografia, no intuito de apresentar ao público um pouco dos costumes presentes no cotidiano dos povos fotografados.
Sobre os povos negros na Amazônia
A população negra amazônica foi constituída a partir de 1750 com o povoamento do Vale do Guaporé – que fica entre a Floresta Amazônica e Pantanal – por negros escravizados vindos de Vila Bela da Santíssima Trindade (MT), em decorrência do ouro e da construção do aparato colonial de defesa militar “Forte Príncipe da Beira”. A partir de 1870, outras migrações negras, principalmente do Pará e do Maranhão, chegaram à região para a extração da borracha e de minérios e metais preciosos nos períodos conhecidos como “Ciclo do Ouro” e “Ciclo da Borracha”.
Entre 1873 e 1912, trabalhadores barbadianos contribuíram com mão de obra qualificada para a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Esse foi considerado o primeiro fluxo migratório livre negro no Brasil e foi um elemento importante, principalmente, nas áreas da saúde, da educação e da religiosidade. E, a partir de 2011, migrantes negros haitianos passaram a habitar a região norte e se espalhar pelo Brasil após fluxo migratório que ocorreu por conta dos desastres e demais dificuldades que enfrentavam em seu país naquele momento.
Sobre Marcela Bonfim
Marcela Bonfim é formada em Ciências Econômicas (2008) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e é especialista em Direitos Humanos e Segurança Pública (2011) pela Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR). A fotografia entrou em sua vida no processo de resgate de sua identidade enquanto mulher negra, quando foi morar em Rondônia e entrou em contato com diferentes culturas, principalmente a dos barbadianos. Foi por meio das lentes que ela se aproximou das religiões de matriz africana e de populações em situação de vulnerabilidade, fazendo de seu trabalho um espelho para si mesma.
Incentivo à cultura
A CAIXA investiu mais de R$ 385 milhões em cultura nos últimos cinco anos. Em 2018, nas unidades da CAIXA Cultural em Brasília, Curitiba, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, está prevista a realização de 244 projetos de Artes Visuais, Cinema, Dança, Música, Teatro e Vivências.
A CAIXA Cultural Fortaleza oferece, desde 2012, uma programação diversificada, com opções gratuitas ou a preços populares, estimulando a inclusão e a cidadania. O espaço, situado em um prédio histórico na Praia de Iracema, conta com um cine-teatro com 181 lugares, três amplas galerias de arte, sala de ensaios, salas para oficinas de arte-educação, foyer, café cultural e livraria, além de um agradável jardim e espaços para convivência e realização de eventos.
SERVIÇO
Exposição (Re)Conhecendo a Amazônia Negra
Local: CAIXA Cultural Fortaleza
Endereço: Av. Pessoa Anta, 287 – Praia de Iracema
Abertura: 1º de novembro, às 19h, com visita guiada por Marcela Bonfim
Data: 02 de novembro a 23 de dezembro de 2018
Horário: terça-feira a sábado, das 10h às 20h | domingo, das 12h às 19h
Classificação indicativa: Livre
Entrada gratuita
Informações gerais | Bilheteria CAIXA Cultural Fortaleza: (85) 3453-2770
Jornalista. Alma de cronista, coração de poeta. Tem experiência em Assessoria de Comunicação. Apaixonado por futebol, boas histórias e fim de tarde.