Desde que estreou, em dezembro de 2024, O Rei Leão tem levado milhões de fãs ao cinema com o novo filme da franquia, dedicado a Mufasa. Isso tem feito muita gente revisitar a primeira animação da saga, que foi ao ar em 1994, e, no caso dos fãs brasileiros, se deparar com uma voz potente já na primeira cena. Pouca gente sabe, no entanto, que a cantora responsável por imortalizar Ciclo sem fim é uma mulher negra.
Ela se chama Eliana Estevão e, apesar do enorme sucesso da animação, permanece como uma desconhecida do grande público. Mesmo os grandes admiradores da obra não conhecem o rosto da intérprete da mais importante canção do longa. Por isso, o Ceará Criolo resgata a história da artista – cuja morte aconteceu em 2017, quando ela tinha 57 anos.
Eliana Estevão era paulistana. Nasceu em São Paulo em 1959 e foi também compositora. A cantora produziu diferentes estilos musicais. Foi da MPB ao samba. Destacou-se no cenário nacional entre as décadas de 1980 e 1990 (quando participou da trilha de O Rei Leão).
No início da carreira, integrou uma nova leva de artistas em São Paulo que era conhecida como “Vanguarda Paulista”. Além de Eliana, ganharam notoriedade artistas como Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, Banda Isca de Polícia, Grupo Rumo e Premeditando o Breque.
Eliana era considerada uma das mais belas vozes da geração e lançou, em 1981, ainda durante da ditadura militar, o disco Bailarina, que contou com a participação de diversos artistas brasileiros e foi muito bem aceito pela crítica especializada do país, sendo apontado como “um trabalho de grande sensibilidade e beleza” e projetando-a internacionalmente.
Não é preciso muito esforço para percebermos o que aconteceu. Eliana Estevão é mais uma artista negra, brasileira e apagada da “história oficial”, cujo narrador é quase sempre um homem branco e, neste caso em particular, nem o sucesso estrondoso foi capaz de lhe conferir alguma visibilidade antes de morrer.

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O Ceará Criolo é um coletivo de comunicação de promoção da igualdade racial. Um espaço que garante à população negra afirmação positiva, visibilidade, debate inclusivo e identitário.