Já pensou aprender de forma lúdica e divertida sobre a história do Ceará e, de quebra, conhecer as principais lideranças negras e indígenas do estado? Agora é possível! Com idealização da jornalista Luizete Vicente e apoio da Secretaria Estadual da Cultura (Secult), as cartas “Siará: histórias de lutas” estão em fase final de produção para distribuição em escolas cearenses.
O jogo nasceu do projeto “recontando histórias dos povos silenciados”, inscrito no edital que contou pela primeira vez com cotas exclusivas para a população negra na categoria “formação”. Luizete diz que a vontade de fazer ainda mais sobre a educação surgiu da finalização de outro projeto, no qual teve contato com alunos da rede pública de Fortaleza e via a necessidade de dialogar com as políticas de raça e gênero dentro das escolas. “Então, pensei: vou discutir essas questões a partir de um jogo, onde essas crianças possam brincar e se divertir aprendendo”, afirma.
Com o objetivo de ensinar crianças sobre as lideranças negras e indígenas do Ceará, o jogo vai contribuir no combate de um déficit muito específico de conhecimento. “A primeira infância é o primeiro momento de identificação com questões raciais. E a gente tem aí uma ausência sobre a contação dessas histórias que fizeram e fazem parte da história viva do nosso povo. A gente tem uma memória sobre o jangadeiro Dragão do Mar, mas também devemos contar a história da Cacique Pequena, a primeira Cacique mulher do Brasil e da América Latina. Além de outras lideranças que as crianças terão a oportunidade de conhecer com o jogo“, reitera Luizete.
A jornalista conta que o projeto demandou diversas reuniões com lideranças indígenas e negras e representantes de movimentos sociais, além de pesquisas e levantamentos de dados para a escolha das personalidades. Com 20 cartas no total, o jogo complementa as figuras ilustradas com os símbolos que as representam. Dez cartas foram ilustradas com lideranças negras e indígenas, sendo cinco mulheres e cinco homens e a criação de dez símbolos que se conectam a objetos ou instrumentos.
As escolas públicas da rede estadual do Ceará receberão o jogo dentro de um ciclo de palestras no qual professores poderão incluir a dinâmica nas disciplinas. Além disso, Luizete Vicente reforça que uma plataforma on-line vai auxiliar o jogo com metodologias exclusivas com cartilhas e elementos.
“O desejo é que o jogo entre em mais escolas para as questões raciais serem ainda mais debatidas e haja formação de políticas afirmativas antirracistas. Que esse jogo seja um instrumento de reconhecimento, valorização e o diálogo com os estudantes sobre a história negra e indígena do nosso estado.”
Luizete Vicente, jornalista
A previsão é de que o jogo esteja totalmente disponibilizado em setembro deste ano. Ainda não há, contudo, expectativa de quando ele vai ser comercializado.
SOBRE LUIZETE
Luizete Vicente da Silva é jornalista. Tem especialização em Gestão Estratégica em Políticas Públicas pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e é mestra e doutora em Comunicação pela Universidade Federal do Ceará (UFC). É ainda diretora e roteirista do filme “Os cabelos de Yami” e integrante da Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (Conajira), vinculada à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Desenvolve pesquisas nas áreas de mídias sociais, gênero, raça e políticas públicas.
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Jornalista formado pela Universidade Federal do Ceará e pós-graduando em Gestão de Marketing e Branding pela Universidade de Fortaleza (Unifor). Desde 2015 trabalha com assessoria de imprensa, gestão de marketing e produção de conteúdo com foco nas redes sociais. Homem gay, cis, preto e que acredita em uma comunicação para transformação social e o digital como narrativa de construção de sociabilidades.