Professora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Mario Quintana, no bairro Restinga, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Perla Santos notou que os alunos passavam o intervalo das aulas jogando cartas. Os personagens eram famosos heróis e heroínas do universo de games, quadrinhos e desenhos. Então, por qual motivo não continuar jogando cartas, mas com personagens reais brasileiros? Foi a deixa para unir diversão e aprendizado.
Enquanto os estudantes ajudaram com as regras e a habilidade para jogar, a docente escolheu e escreveu minibiografias sobre cada personagem. Assim, os alunos recortaram e pintaram as novas peças do baralho e Teresa de Benguela, Zumbi dos Palmares e Dandara passaram a fazer parte da diversão.
Para Perla, apesar da obrigatoriedade sobre o ensino de história e cultura afrobrasileira e indígena, por meio da leis nº 10.639 de 2003 e nº 11.645 de 2008, as escolas ainda estão longe de incorporar essas narrativas no cotidiano dos estudantes.
O JOGO
O “Bafo Afro” conta com 24 personagens, todos trabalhados em sala de aula. O kit pode ser adquirido por meio de contato direto com a professora Perla Santos. O responsável pela parte gráfica do jogo é o designer Paulo Goulart.
As partidas são em dupla. Duas cartas devem ficar viradas para baixo sobre a mesa e um jogador por vez deve espalmar a mão sobre a cartinha. Pontua quem conseguir virar primeiro. E ganha quem tiver mais cartas viradas. Quem garantir mais figuras femininas leva a melhor, porque a valorização da mulher também é regra no jogo dos heróis e heroínas negros.
Aos interessados em unir educação, valorização da cultura afrobrasileira, a professora avisa que em breve disponibilizará outros jogos de forma gratuita. “O objetivo é cada vez mais enegrecer o currículo”, destaca Perla Santos.
A docente está criando jogos da memória, bingo e outras atividades de alfabetização. “A gente tem que ter um material negro de alfabetização, com heróis e heroínas negros. Estou criando também um baralho para alfabetizar, para formar nome de heróis e heroínas negros. E muitos exercícios para os professores usarem em sala de aula, principalmente pra séries iniciais”, antecipa a docente.
“A ideia é fazer site, perfil no Instagram, página no Facebook, virar um Netflix ‘afropedagógico’, para que possam acessar, ter ideias e enegrecer mesmo o currículo”, antecipa Perla, não escondendo a alegria e motivação para seguir contribuindo com a valorização da cultura e história afrobrasileira e com a luta antirracista.
Perfil da professora Perla Santos no Instagram para pedidos do jogo: https://www.instagram.com/perla_santos35/
Crédito das fotos: Ricardo Cury
Com informações do blog Mulherias
Jornalista. Alma de cronista, coração de poeta. Tem experiência em Assessoria de Comunicação. Apaixonado por futebol, boas histórias e fim de tarde.