Nzinga Mbandi Ngola, a rainha Nzinga, morreu em 17 de dezembro de 1663, aos 81 anos. Foi, e continua a ser, um símbolo de resistência dos povos africanos diante da dominação europeia no continente.
Filha do rei de Ndongo e treinada desde criança para o combate e o uso de armas, Nzinga nasceu em 31 de janeiro de 1582 e comandou os reinos Ndongo e Matamba, importantes territórios africanos cuja sociedade era hierarquizada e organizada com domínio do comércio, metalurgia e agricultura. São parte da atual Angola.
Nzinga subiu ao poder após a morte do irmão, Ngola Mbande. Antes disso, já mostrava-se exímia negociadora ao ser enviada a Luanda, um dos maiores centros de exportação de escravizados do continente africano, a fim de negociar um tratado de paz que estabeleceria o respeito à soberania do reino.
Na ocasião, Nzinga exigiu que os portugueses abandonassem suas instalações no continente, entregassem os chefes africanos prisioneiros e ainda um lote de armas de fogo. Em sinal da intenção de celebrar o acordo de paz, aceitou o batismo católico sob o nome português Ana de Sousa, um jogo político. Com o passar do tempo, logo os portugueses começaram a descumprir o tratado e novas tensões surgiram.
No cargo de rainha, Nzinga impôs autoridade aos chefes locais, conquistou o reino vizinho de Matamba e tornou-se forte figura política na região. Durante quatro décadas, representou a resistência do Ndongo e permitiu atenuar os projetos portugueses na região, por meio de táticas de guerrilha e espionagem, dirigindo operações militares, mas também por meio da diplomacia, uma vez que era exímia negociadora.
Depois de sua morte, a dominação portuguesa avançou sobre o território, acentuando o tráfico de escravizados. No Brasil, Nzinga também está presente na tradição da Congada. Nzinga a Mbande, Nzinga Mbande, Jinga, Singa, Zhinga, Ginga, Dona Ana de Sousa são outros nomes pelos quais a rainha é conhecida.
O Banco Nacional de Reserva de Angola (BNA) emitiu uma série de moedas em homenagem a Jinga “em reconhecimento do seu papel na defesa da autodeterminação e da identidade cultural do seu povo”. Ela hoje é lembrada como a “Mãe de Angola” por ter lutado e negociado por seu povo.
Com informações da agência Alma Preta Jornalismo.
O Ceará Criolo é um coletivo de comunicação de promoção da igualdade racial. Um espaço que garante à população negra afirmação positiva, visibilidade, debate inclusivo e identitário.