A busca pelo conhecimento e conexão com a ancestralidade são pontos determinantes para o sucesso da exposição virtual Tesouros dos Nossos Ancestrais. A mostra traz à cena parte do acervo da maior coleção de arte iorubá fora da África e pertencente à sua Majestade o Rei OOni de Ifé com o propósito de contar a história de Oduduwa e seus descendentes através de esculturas produzidas na terra iorubá por artistas de povos como Egba, Oyo, Ifé, Ijexa entre outros.
Dividida em duas partes, Asé e Ori, a exposição apresenta obras milenares e contemporâneas e configura mais uma importante forma de aproximar as culturas, auxiliando o povo brasileiro a conhecer melhor suas origens, heranças, histórias e até feições.
“Não existe caminho possível para o futuro da humanidade sem olhar para o continente africano e compreender o legado que nossos ancestrais nos deixaram. Sem dúvida, é essa herança que irá auxiliar a construirmos juntos um mundo melhor para todos. Nossos ancestrais deixaram conhecimento vitais para os problemas da humanidade e tenho certeza de que o futuro é ancestral”, conta Ooni de Ifé – rei de Ilê Ifé/Nigéria.
Pensado primeiramente para ser uma um evento presencial, a exposição é resultado de um esforço pessoal do rei de Ifé, Ojaja II, atualmente a maior autoridade tradicional e religiosa do povo iorubá, que originariamente habitava o Reino de Ifé e reinos ao redor, áreas atualmente do Benin e da Nigéria. Com curadoria de Carolina Maíra de Morais, o projeto, abarca, além da exposição virtual, dinâmicas que envolvem rodas de conversas e masterclass com estudiosos e personagens que são referências importantes dentro do segmento artístico-histórico-cultural preto.
“Não estamos apenas falando de objetos de arte, mas de epistemologias, estética, filosofia, concepção de mundo a partir da visão iorubá e como esse conhecimento múltiplo é atravessado pela ancestralidade,” relata Carolina Maíra Morais.
Algumas peças, extraviadas do continente africano durante o processo de colonização dos séculos XIX e XX e posteriormente recuperadas, estão sendo exibidas pela primeira vez ao público. No entanto, a ideia é que a exposição alcance o circuito internacional, em um movimento de aproximação de povos e disseminação de ideais.
Entre as 27 obras expostas virtualmente, a máscara Geledé, uma das mais conhecidas do mundo quando se aborda o tema iorubá, é destaque na mostra virtual. Usada em festivais de honra aos poderes espirituais das anciãs conhecidas como awon iya wa, o artefato, segundo a tradição oral, criado em Ketu, Benin, no século XVIII, é símbolo do poder dessas mulheres e pode ser usado em benefício ou destruição da sociedade, o que torna necessária a realização de cerimônias para aplacar a sua fúria e o seu poder destrutivo e manter o equilíbrio da comunidade. Homens e mulheres mais velhos desempenham importantes papéis na preparação das performances dos mascarados, sempre do sexo masculino.
Para acessar a exposição, clique aqui.
Para mais notícias sobre ancestralidade negra, clique aqui.
O Ceará Criolo é um coletivo de comunicação de promoção da igualdade racial. Um espaço que garante à população negra afirmação positiva, visibilidade, debate inclusivo e identitário.