Você sabe o que é necroalgoritmização? Criado pelo cearense Júlio Araújo, esse é um conceito que detalha como as tecnologias digitais desumanizam minorias. O assunto é tema de livro recém-lançado pelo pesquisador, que atua como professor do curso de graduação em Letras da Universidade Federal do Ceará (UFC) e do Programa de Pós-Graduação em Linguística da mesma instituição.
Com o título “Necroalgoritmização: notas para definir o racismo algorítmico”, a obra chegou ao mercado há menos de um mês, tem prefácio assinado pelo doutor em tecnologia Tarcízio Silva e já esgotou a primeira impressão. O material é assinado pela editora Mercado de Letras, que já providenciou nova tiragem diante da alta demanda. Para comprar, clique aqui.
“Diferentemente de abordagens que falam apenas em viés algorítmico ou racismo algorítmico, defendo que a necroalgoritmização é um fenômeno mais amplo, que abarca não apenas a atualização digital do racismo estrutural, mas também outros processos de exclusão algorítmica que atingem diferentes comunidades”, destaca o autor.
Assim, Júlio Araújo aproxima os temas algoritmo, políticas de morte e racismo. E parte principalmente das reflexões do filósofo camaronês Achille Mbembe sobre necropolítica para afirmar que a necroalgoritmização desumaniza, marginaliza e até mata as populações vulnerabilizadas, como pessoas negras, mulheres, povos indígenas, idosos, crianças, quilombolas, pessoas com deficiência e LGBTQIAP+, por exemplo.
Com o livro, o professor quer contribuir com o debate de que os algoritmos não são neutros ou meramente técnicos. “A partir da Linguística Aplicada Crítica, mostro que os algoritmos são textos performativos, carregados de escolhas discursivas e políticas, que podem perpetuar hierarquias coloniais e desigualdades estruturais”, detalha.

SOBRE O AUTOR
Júlio Araújo é bolsista de produtividade em pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Ele coordena o grupo de pesquisa Digital (UFC/CNPq) e o Laboratório de Letramentos e Escrita Acadêmica (LEA).
É autor das obras “Constelação de gêneros: a construção de um conceito” (Parábola Editorial, 2021) e “Redes sociais e ensino de línguas: o que temos de aprender?” (Parábola Editorial, 2016).
Nos últimos anos, publicou ensaios que dialogam diretamente com o tema da necroalgoritmização, como “O algoritmo é um texto”, na revista Texto Livre (UFMG); “Racismo algorítmico e microagressões nas redes sociais”, na revista Domínios da Linguagem (UFU); e “Racismo algorítmico e inteligência artificial: uma análise crítica multimodal”, na revista Linguagem em Foco (Uece).
Com informações da UFC Informa.
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