Com realização entre os dias 14 e 16 de maio, o 1º Congresso Nacional de Jornalistas Negras e Negros está com inscrições abertas. O evento será totalmente on-line (transmitido pelo YouTube), gratuito e promovido pelo Coletivo Lena Santos, de Minas Gerais.
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O Congresso objetiva refletir sobre a presença, participação e desafios dos profissionais negros nas redações brasileiras. Os idealizadores também querem apresentar caminhos para combater a desproporcionalidade racial nos veículos de imprensa do país.
Isso porque segundo o levantamento “Perfil do Jornalista Brasileiro”, os profissionais pretos e pardos não chegaram a um quarto do total de profissionais nas redações, enquanto representam mais da metade da população brasileira – cerca de 56%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por isso, o encontro on-line quer reforçar a importância da diversidade racial dentro das redações e mostrar que a construção de um Jornalismo verdadeiramente democrático envolve a inclusão de jornalistas negros e negras.
Estão entre os convidados: Manoel Soares, da Globo; Flavia Lima, ombudsman da Folha de São Paulo; Flavia Oliveira, da GloboNews, além de acadêmicos que pesquisam o tema. Maju Coutinho, âncora do Jornal hoje, abrirá a programação na sexta-feira (14/5), às 19h30. Para participar, os interessados poderão acompanhar pelo canal do Youtube do coletivo e se inscrever nesta plataforma.
Segundo Márcia Maria Cruz, repórter do jornal Estado de Minas e uma das idealizadoras do evento, o coletivo foi gestado para debater questões antirracistas dentro do Jornalismo, que também precisa incluir pessoas com deficiência e população LGBTQIA+.
“Quando conseguimos levar essa diversidade de corpos para redações, o Jornalismo se torna mais democrático porque você amplia a possibilidade de assuntos e de temas que vão ser pautados. Você começa a questionar o uso da própria linguagem e a perguntar o uso correto de determinados termos e o que isso implica. No Jornalismo, a linguagem é fundamental. Então, refletir sobre os termos e as abordagens nas nossas reportagens é muito importante”, afirmou Márcia Maria Cruz.
O jornalista Nelson Nunes, que integra coletivo Lena Santos, menciona um aspecto preocupante sobre a questão a qual o congresso se debruça: além de haver poucos profissionais negros atuando no Jornalismo, há menos ainda nos cargos de chefia. Recentemente, a Abraji mostrou que a discrepância se replica em outros países, como Estados Unidos e Alemanha, onde raramente os postos de poder são ocupados por não-brancos.
“Essa mudança de mentalidade passa pela criação, por parte das empresas de comunicação, de programas que privilegiem a entrada de pessoas negras e apoio explícito para que elas consigam ascender aos cargos de editor, chefe de redação, redator etc. Quando essa questão fica apenas na conta do racismo estrutural, tanto as empresas quanto os que possuem cargos de chefia se eximem de promover estratégias de inclusão que possam mudar esse cenário”, diz Nunes.
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O Ceará Criolo é um coletivo de comunicação de promoção da igualdade racial. Um espaço que garante à população negra afirmação positiva, visibilidade, debate inclusivo e identitário.