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Artigo

Carta aos desavisados

Bruno de CastroBy Bruno de Castro4 de Fevereiro, 2020Updated:21 de Abril, 2020Sem comentários5 Mins Read
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Olá, caro leitor do Ceará Criolo.
Talvez seja eu o primeiro a lhe dizer isso – e, acredite, faço sem o menor prazer; apenas por obrigação e porque gostaria que tivessem feito o mesmo comigo: você vai estar sozinho na caminhada do antirracismo.

Até mesmo quem se diz militante da causa vai te abandonar. Você vai esbarrar numa série de gente que adora lacrar em rede social. Que acha lindo postar foto com frase de efeito na legenda. Que se diz solidária a tudo. Mas não passa de militante de sofá. Aqueles que na hora do vamo ver sempre têm outra prioridade. Uma reunião, um show, uma viagem, um aniversário, uma doença… Silenciam quando deviam falar.

E não acaba aí.
Na verdade, é só o começo.

Na sua família, você vai ser chamado de moreno. Mesmo que sua pele seja escura-muito-escura, você não será negro. Negro é palavrão. Você é moreno. MORENO, entendeu? Pardo, no máximo, se souberem que essa palavra existe. Preto é cor de carro, de roupa, até de parede. Não de gente.

No telejornal, na novela, no rádio que você escuta até o trabalho, você vai se dar conta de que pessoas pretas só serão tratadas como bandidas, ocuparão cargos subalternos, farão apenas serviços braçais, serão associadas à sexualidade/reprodução…

Não importa se você suou e conseguiu terminar a faculdade. Você não se enxerga ali. Pelo contrário. O mundo te diz o tempo todo que você está no lugar errado. Porque o seu lugar é como empregada doméstica analfabeta e cheia de filhos, puta, ladrão… Jamais como empresária, presidente, escritora…

Esses cargos e profissões são de gente branca.

No seu trabalho, ahhhhh, o ambiente trabalhista… Bom, você vai ouvir piada racista todo dia. Vai ser comparado a um traficante por ele também ser negro. Vai escutar o coleguinha tido como o mais gente boa de todos dizendo que vê um negro na rua e segura a bolsa. Vai ouvir que “essa coisa mal feita só podia ser coisa de preto”. Vai flagrar uma mesa cheia de gente debochando do seu jeito. E todas essas pessoas, quando confrontadas, vão dizer que tudo era brincadeira, que você é revoltado, que você é cheio de mimimi, que você entendeu errado, que você é que não presta. E todas elas serão brancas. Algumas ricas. Você, o oposto. Elas te tacham. Pisam. Te sabotam diariamente. Mas exigem que você sorria e trate-as bem. Como se tivesse de agradecer por estar ali e apanhar.

Também vai haver pessoa que cruze seu caminho pra se prestar ao papel de usar um defeito seu (ou o que ela diz ser um defeito) para desqualificar a tua luta. Porque você, um negro que reivindica direitos, tem que ser prefeito – que nem essa pessoa. Ela sim, claro, é um modelo a ser seguido: branca, viagens para o exterior, filhos estudando em colégios caríssimos, empregada, babá, carro novo… Você, com seu mimimi, que não enxerga nada disso. Ou só enxerga o quanto ela é asquerosa por desmerecer sua luta com base em um “defeito.”

Ah, seus amigos vão minguar! Você vai deixar de ser a pessoa maravilhosa que era (quando engolia todo tipo de piada e comentário racista) e passa a ser alguém que não tolera o desrespeito ao básico: à sua existência, pisoteada em palavras diariamente, à sua revelia, na sua frente. Porque bacana mesmo é continuar alienado, que nem eles, em maioria brancos, achando que a vida é brincar de filtro no Instagram e se convencer de que é digital influencer.

Você vai chorar muito sozinho. Vai levantar a bandeira de muitas coisas óbvias sozinho. Vai, sozinho, levar nas costas mundos inteiros. E nunca vai ser o suficiente. E nunca vai ser fácil. E nunca vai estar tão bom quanto o do mauricinho branco que consegue tudo – inclusive créditos de coisas que você fez e funções que eram para ser suas – à base da bajulação. A mesma bajulação que você se recusa a fazer justamente porque não quer amarras nos pulsos. E porque também não precisa delas. Tem consciência do seu valor.

Dói. Dói muito. É dilacerante se dar conta do quanto você está sozinho no meio de tudo isso, com tudo isso acontecendo ao mesmo tempo. Cada lugar um furacão. Ao ponto de você não saber se aguenta. Duvidar de si. Querer desistir, do movimento e até de viver.

É pesado.
Não há paz.
Você luta, se sente um guerreiro, cansa e é chamado de surtado.

Mas o dia termina e você consegue. Você está de coração leve. Formado por todos os defeitos que tem, não pisou na existência de ninguém. Não desmereceu a travessia de ninguém. Não escamoteou sentimento nenhum. Foi inteiro. De verdade. Inteiro. Continua sem um monte de privilégios que todos os que todo dia tentam te derrubar têm, mas está tranquilo.

E não vê a hora de se libertar. Sim, ir adiante na luta antirracista significa ter de abrir mão de muitas coisas e muitas pessoas e muitos lugares. Porque nada disso mais cabe no que você é. No que você se torna. Você se agiganta diante de tudo isso. Cada tropeço, cada trapaça, cada dizer ruim faz você enxergar (e não apenas ver). Há uma diferença grande aí. Você cresce; o mundo é que se torna pequeno.

Mesquinho.
Medíocre.

Lide com isso. E siga em frente. O mundo pode até desistir da gente. Mas a luta antirracista não nos dá o benefício do contrário. A gente não tem o direito de desistir. Pela gente. E pelo outro preto que está do outro lado do mundo e sequer sabe quantos mundos você carrega nas costas, mas sozinho vai conseguir quase nada.

Conselho de amigo.

Atenciosamente,

bb
Bruno de Castro

Comunicólogo e mestre em Antropologia, é especialista em Jornalismo Político e Escrita Literária e tem MBA em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais. Foi repórter e editor dos jornais O Estado e O POVO, correspondente do portal Terra e colaborador do El País Brasil. Atua hoje como assessor de comunicação. Venceu o Prêmio Gandhi de Comunicação, o Prêmio MPCE de Jornalismo e o Prêmio Maria Neusa de Jornalismo, todos com reportagens sobre a população negra. No Ceará Criolo, é repórter e editor-geral de conteúdo. Escritor, foi finalista do Prêmio Jabuti de Literatura 2020.

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