O Ceará Criolo abriu nesta terça-feira (2/6) uma série de lives no Instagram com debates sobre a população negra. A estreia das transmissões aconteceu com duas mulheres pretas discutindo ativismo em tempos de pandemia. Uma das fundadoras do CC, a publicitária Jéssica Carneiro recebeu a coordenadora especial de políticas públicas para promoção da igualdade racial do Governo do Estado, professora Zelma Madeira.
Em meio à flexibilização das medidas de isolamento social, o crescimento de manifestações contra a violência policial e a avalanche de hashtags nas redes sociais que o mundo testemunhou nos últimos dias, o debate sobre o antirracismo tomou as discussões.
Professora de carreira da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Zelma Madeira afirmou que é preciso construir uma estrutura social pautada num novo pacto civilizatório que considere as pessoas negras e seus ativismos como parte fundamental para a consolidação do bem viver.
Ela evidenciou a realidade das populações negras:
“É necessário trazer as contradições pro centro do debate. Temos vivido tempos de escancaramento das desigualdades, mas neste momento precisamos apostar na resistência”, disse. A convidada também apontou desafios. “É preciso desnaturalizar as hierarquias raciais, enfrentar o racismo estrutural e considerar que as desigualdades estão colocadas num âmbito institucional e das relações econômico, políticas e culturais.”
Dra Zelma Madeira, durante a transmissão da live “Ativismos de Mulheres Negras em tempo de pandemia”.
Ao se tratar do lugar das pessoas brancas na luta antirracista, Zelma destacou a necessidade da escuta ativa das pautas da negritude, “porque a luta antirracista é de todos”. Para a convidada, a branquitude precisa refletir sobre o lugar de protagonismo e se colocar como auxiliar na construção desse novo pacto civilizatório.
Quando questionada sobre as particularidades que os movimentos de mulheres negras carregam, Zelma lembrou que estas mulheres sempre estiveram em marcha. “E quem diz que isso não acontece no Brasil é porque não conhece a nossa história”. Para ilustrar a fala, ela lembrou da marcha de mulheres negras ocorrida em 2015 e que reuniu milhares de mulheres negras nas ruas de Brasília.
Já Jéssica Carneiro afirmou sentir-se fortalecida pela fala da professora e reiterou a inspiração em “continuar sendo protagonista, junto às minhas companheiras e meus companheiros do Ceará Criolo, no embate racial e nas pautas da agenda negra em um país tão assolado pelas desigualdades raciais.”
Para Jéssica,
vozes como a de Zelma, a minha, de Larissa, Eduarda, Pâmela e Rayana são muito necessárias no contexto em que vivemos e o silêncio é simplesmente conivência com a manutenção da hegemonia branca colonialista. Zelma nos inspira a continuar no front da disputa sabendo que nossa recompensa é a emancipação do povo
Jéssica Carneiro, durante transmissão da live.
preto.
Confira a transmissão.