Uma manifestação da Defensoria Pública da União (DPU) em uma ação popular cita o trecho de uma canção do baiano Baco Exu do Blues como referência para dar início à argumentação jurídica da instituição. Com apenas 26 anos, o cantor é um dos artistas negros mais famosos da atualidade e tem batido todos os recordes de streaming tanto da própria carreira quanto do segmento ao qual faz parte: o rap.
Os versos “Tudo que quando era preto era demônio/ E depois virou branco e foi aceito”, da música Bluesman, abre um pedido de admissão e manifestação da DPU num processo sobre o uso da nova logomarca e do novo logotipo da Fundação Palmares.
A peça é assinada pela defensora pública federal em São Paulo Ana Lúcia Marcondes Faria de Oliveira e data dessa quinta-feira (3/3). O Ceará Criolo apurou que o posicionamento da jurista decorre da atuação dela como defensora regional dos direitos humanos naquele estado.
Os territórios das populações remanescentes de quilombos sofrem diretamente com a atuação da Fundação Palmares, instituição federal responsável pelo reconhecimento desses perímetros e que no Governo Bolsonaro tem adotado posturas de confronto com os povos tradicionais em decorrência da postura pública de seu presidente.
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No Ceará, a despeito do mito de o estado não ter negros, pelo menos 85 comunidades remanescentes de quilombo já foram reconhecidas pela Fundação Palmares. Nenhuma no atual Governo. O Ceará Criolo mapeou esses territórios no especial 85, publicado em novembro de 2018 (para ler, clique aqui).
O Ceará Criolo é um coletivo de comunicação de promoção da igualdade racial. Um espaço que garante à população negra afirmação positiva, visibilidade, debate inclusivo e identitário.