Cinco mulheres com personalidades, estilos e vivências diferentes. Ritmos e vozes se alternam durante os shows, cantando clássicos do pop à cultura popular brasileira. O Negra Voz tem se tornado cada vez mais conhecido do público fortalezense e reúne as cantoras Lorena Lyse, Luiza Nobel, Roberta Kaya, Carolina Rebouças e Adna Oliveira.
O projeto teve início em 2016. Foi idealizado para o encerramento da terceira edição do Kitanda do Dragão. Como o evento iria homenagear Teresa de Benguela e o Dia da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha, o produtor cultural André Foca teve a ideia de juntar algumas mulheres e uma banda especialmente para o evento. Assim, Lorena, Carolina, Luiza e Roberta foram acompanhadas por Alisson Félix (guitarra e violão), Ednar Pinho (baixo), Alex Vasconcelos (bateria) e Wellington Nascimento (percussão).
A banda não seguiu com o grupo e a companhia de uma formação com homens ou apenas mulheres nos instrumentos ainda é estudada pelas integrantes. A cantora Adna Oliveira foi convidada a se juntar ao grupo após cantarem juntas em alguns shows. Com mais uma integrante, o Negra Voz ganhou também um acréscimo no repertório.
“A Carol é do movimento hip hop, rap, reggae. Eu já faço mais a linha da cultura afrobrasileira e cultura tradicional popular, maracatus, sambas, jongos… A Adna tem um repertório mais feminista, também racial. Luiza é mais pop. Ela tem um trabalho, que é o Baile Preto, que tem essas músicas com raiz de matriz africana, mas o trabalho dela é pop. A Roberta Kaya diz que é independente, usa muita tecnologia”, explica Lorena Lyse.
Portas abertas em Fortaleza
Ainda em Fevereiro, o Negra Voz esteve presente na Feira da Música, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza. Para Lorena, o atual momento da cena musical da cidade é positivo, com muitos espaços abrindo as portas para novos artistas. “Tem barzinho na Varjota indo além do sertanejo, colocando um samba de raiz, o Baile Preto. Ainda é muito concentrado ali no Dragão do Mar e na Praia de Iracema, mas está se expandindo para outros locais da cidade”, destaca Lorena.
“Acho que a cidade está com uma sede muito grande de se reconhecer, se declarar negra. Quando a gente vai pra cima, nós, negros e negras, as pessoas estão abrindo. ‘Quero ver como é isso’. Sinto muito mais interesse hoje pela cultura tradicional popular. Faço parte de grupo de maracatu, de percussão, de afoxé há mais de dez anos e sinto cada vez mais as pessoas querendo conhecer e participar. Não vejo muito se existe esse bloqueio, essa dificuldade pra conseguir espaço na cena. Pelo menos nesse meio que estou inserida, eu só vejo as portas se abrindo mais”, finaliza.
Jornalista. Alma de cronista, coração de poeta. Tem experiência em Assessoria de Comunicação. Apaixonado por futebol, boas histórias e fim de tarde.