Poeta, jornalista, orador, escritor ou rábula autodidata (advogado sem formação em Direito, mas com autorização para exercer a profissão), Luiz Gonzaga Pinto da Gama (Salvador, 21 de junho de 1830 – São Paulo, 24 de agosto de 1882) entrou para história como Patrono da Abolição da Escravatura no Brasil. A Lei nº 13.629, de 16 de janeiro de 2018, assim o intitulou.
Luiz Gama lutou pela libertação de mais de 500 negros escravizados no Brasil e foi atuante contra a manutenção da escravatura. Nascido em Salvador em 1830, filho de mãe negra e pai branco, foi vendido como escravo, pelo próprio pai, aos dez anos. Após conquistar judicialmente a própria liberdade, passou a atuar na advocacia em prol dos cativos, ficando conhecido como “o maior abolicionista do Brasil”.
No artigo “Luiz Gama: ex-escravo, autodidata, advogado, poeta, maçom, republicano e abolicionista radical”, os pesquisadores Carlos Augusto Sant’Anna Guimarães e Raphael Souza Lima contam que Luiz Gama aprendeu a ler e a escrever aos 18 anos, com a ajuda de Antônio Rodrigues do Prado Júnior, que se hospedava na casa de seu senhor. Nessa idade, Gama conseguiu “secretamente”, segundo ele, as provas de sua liberdade. Fugiu da casa do seu dono e ingressou na Marinha de Guerra, na qual serviu por seis anos, alcançando a patente de cabo-de-esquadra. Após ato de insubordinação a um oficial, nas suas palavras, insolente, Gama ficou 39 dias preso, sendo expulso em seguida daquela força. Em 1856, tornou-se amanuense (copista) da Secretaria de Polícia da Província de São Paulo.
“Gama frequentou, por algum tempo, como ouvinte, a Faculdade de Direito de São Paulo, onde sofreu preconceito e repulsa de professores e estudantes, à época todos brancos e quase sempre de origem aristocrática. Sem diploma de bacharel em Direito, torna-se um rábula e liberta, pela via judicial, mais de 500 escravos do cativeiro. Um feito sem igual na história mundial da advocacia. Quando não conseguia libertar um escravo nos tribunais, comprava a alforria com dinheiro arrecadado por ele mesmo através de esmolas, às vezes com a ajuda dos irmãos da Maçonaria ou dos membros do Círculo Operário Italiano”, destacam.
Em 2015, a Ordem dos Advogados do Brasil concedeu o título de advogado a Luís Gama, reconhecendo sua importância enquanto jurista. Além de seu trabalho jurídico, Gama foi também referência central para a imprensa negra paulistana.
Heróis da Pátria
O baiano Luiz Gama também teve seu nome inscrito no Livro dos Heróis da Pátria em 17 de janeiro de 2018. O Livro de Aço fica localizado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília, e contém o nome de importantes personalidades da História do Brasil.
Jornalista. Alma de cronista, coração de poeta. Tem experiência em Assessoria de Comunicação. Apaixonado por futebol, boas histórias e fim de tarde.