Quando eu estudava moda aprendi que existem “as tribos urbanas”, que são grupos de pessoas com gostos, estilos de vida e formas de se vestir em comum e que compartilham valores, sonhos e também desejos. Sem querer essencializar meu jeito de ser com o meu signo, mas, como uma autêntica aquariana que sou, faço parte de alguns grupos que são diversos entre si. No entanto, confesso que sinto falta de me sentir parte de outro grupo também, sinto falta de me “aquilombar”.
Nesse processo diário de autoconhecimento que se acentuou mais depois do meu reconhecimento recente enquanto uma mulher negra, tenho buscado por referências de pessoas negras em atuações diversas, principalmente por mulheres negras, desde aquela it girl que sigo no Instagram assim como no meu cotidiano também. Na verdade, se eu retornar a alguns anos atrás, eu já fazia isso na minha infância, mesmo não tendo a educação que tenho agora, mesmo não tendo a consciência de ser uma pessoa negra, quando eu ficava admirada ao ver a Tempestade, do X-men, e a Diana, do desenho Caverna do Dragão. Mais tarde foram as personagens Pata, das Chiquititas, interpretada pela atriz e youtuber Aretha Oliveira, e a Mel B, da girl band que foi sucesso nos anos 90, as Spice Girls.
Não estou dizendo, meus caros amigos(as) brancos(as) e os outros que ainda não se reconheceram como pessoas negras, que estou me afastando de vocês. Não, não é isso, mas existe uma sensação dentro de mim de não pertencimento em relação a isso, porque a gente já cresce ouvindo que no Ceará não tem negro e ainda há os que escutam e acreditam nisso, então, dessa maneira não tem como se fortalecer desse jeito. E mesmo juntando o povo negro todo, somos uma diversidade, temos a nossa singularidade, subjetividade, jeito de ser, gostos, atentemos para isso também. Acho que ainda vamos percorrer caminhos cheios de obstáculos, no entanto, se nos dermos as mãos, tudo será menos doloroso. Eu acredito e conto com isso. Seguirei rumo ao meu quilombo.

O Ceará Criolo é um coletivo de comunicação de promoção da igualdade racial. Um espaço que garante à população negra afirmação positiva, visibilidade, debate inclusivo e identitário.