Mais importante cantora preta do Brasil, Elza Soares deu ao O Globo uma forte declaração sobre os recentes episódios que abalaram o país e movimentaram o debate político sobre racismo.
“O Brasil é o país mais racista que nós temos. A coisa aqui é braba, uma doença que não tem cura, uma situação absurda, nojenta. É a minha raça que estou vendo ser destruída. E é preciso dar um grito de basta.”
A artista está isolada no apartamento onde mora, em Copacabana, e mostrou indignação com as mortes de Ágatha Félix e João Pedro, ambas no Rio de Janeiro.
A garota foi baleada em setembro do ano passado quando voltava para casa, no Complexo do Alemão, com a mãe; já o menino foi morto com um tiro em maio deste ano enquanto brincava com amigos dentro de casa, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo.
“Nos Estados Unidos, mataram um homem negro e o mundo veio abaixo. Aqui parece que é brincadeira. Rezo muito para que isso não chegue aos meus sobrinhos e meus netos.”
Elza tem 89 anos, é voz forte contra o racismo e conhecida mundialmente como a intérprete de “A carne”, música Seu Jorge, Marcelo Yuka e Ulisses Cappelletti cujo refrão diz: “a carne mais barata do mercado é a carne negra.”
Comunicólogo e mestre em Antropologia, é especialista em Jornalismo Político e Escrita Literária e tem MBA em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais. Foi repórter e editor dos jornais O Estado e O POVO, correspondente do portal Terra e colaborador do El País Brasil. Atua hoje como assessor de comunicação. Venceu o Prêmio Gandhi de Comunicação, o Prêmio MPCE de Jornalismo e o Prêmio Maria Neusa de Jornalismo, todos com reportagens sobre a população negra. No Ceará Criolo, é repórter e editor-geral de conteúdo. Escritor, foi finalista do Prêmio Jabuti de Literatura 2020.