Quando falamos de futebol, a paixão do brasileiro fala alto. Na verdade, ela grita. Há pouco mais de 20 dias da Copa do Mundo, nem de longe o clima se parece com o do mesmo evento realizado ano passado, porém, protagonizado por homens. As ruas não estão sendo enfeitadas, as empresas não estão organizando escalas especiais para os jogos, nada de comerciais com as jogadoras pipocando nas tvs e o álbum de figurinhas lançado no final de abril tem sofrido com ataques de comentários machistas do nível “Deveriam estar peladas”. Quem dera que as desigualdades ficassem por aí.
O Sindicato Internacional de atletas do futebol (FIFPro), em parceria com a Universidade de Manchester, entrevistou 3.600 jogadoras que atuam em países da Europa, África, Ásia e Américas. Das entrevistadas, 49,5% das jogadoras adultas que atuam nos principais campeonatos de futebol feminino do mundo não são remuneradas por isso, eventualmente recebem ajuda de custo e/ou moradia. Um total de 47% não têm contrato formal com os clubes.
Quanto à diferença salarial entre homens e mulheres no mundo bilionário da bola não há surpresas, porém, é imprescindível que registremos. Um exemplo ilustra bem esse abismo. De acordo com a France Football, Neymar, do Paris Sant-Germain, ganha 27 vezes mais que as 5 melhores jogadoras mais bem pagas do mundo. Marta, jogadora do Orlando Pride, está entre elas. Isso sem contar com patrocínios e afins, considerando apenas os salários pagos pelos clubes.
A despeito desse cenário grotesco, elas estão chegando. No último dia 16 e pela primeira vez na história do futebol feminino do Brasil, foi realizado um evento para divulgar as selecionadas para disputar a Copa do Mundo em junho. Tivemos nove derrotas nos últimos nove jogos, o momento não é bom, mas o técnico Vadão está otimista:
Nosso otimismo está na cabeça de cada um de nós, de cada uma das meninas. Nossa expectativa é altamente positiva, temos atletas de qualidade ímpar. Hoje se fala muito de plano tático, que é imprescindível. Temos atletas que podem resolver problemas com jogadas individuais, coisa que pouca gente tem. Nós temos esse privilégio. Estamos otimistas de fazer uma grande campanha e buscar esse almejado título mundial. Saímos mais preparados. Os amistosos estão no passado, o presente é o que vale.”
Das 23 convocadas, cerca de 70% representarão nossa cor, nossa ancestralidade, incluindo o trio “parada dura” Marta, Formiga e Cristiane. Por que eu as chamo assim? Vejamos.
Baiana de 41 anos, Miraildes Maciel Mota, nossa Formiga, vai para sua 7ª Copa. Nenhum atleta de futebol (entre homens e mulheres) disputou tantos mundiais. Detalhe: acaba de renovar com o Paris Saint-Germain.
Cristiane Rozeira de Souza Silva nasceu em São Paulo e vai para a sua 5º Copa aos 34 anos. Em 2012, tornou-se a maior artilheira do futebol feminino da história dos Jogos Olímpicos. Em 2016, consagrou-se como a maior artilheira do futebol em Jogos Olímpicos, independente de gênero, com a marca de 14 gols.
Nascida no sertão de Alagoas, Marta Vieira da Silva tem 33 anos e é a maior atleta de futebol do mundo. Ganhou o prêmio da Fifa por 6 vezes, 5 deles consecutivamente. É embaixadora da ONU, única mulher no hall da fama do Maracanã e maior artilheira da seleção brasileira, ultrapassando Pelé, ainda em 2015.
A seguir apresentamos a escalação completa pra você fazer o “cara-crachá” e sair torcendo com os nomes das nossas guerreiras na ponta da língua. A 8ª edição da Copa do Mundo Fifa terá a França como anfitriã e começa dia 7 de junho. A seleção brasileira entra em campo dia 9 contra a Jamaica. #vamospracima
reprodução/escalação: globoesporte.com

Publicitária. Movida por decibéis, apegada ao escurinho do cinema e trilha o aprendizado de ser uma mulher preta. Trabalhou em agências de Fortaleza e Salvador ao longo de 10 anos. Hoje responde pela Mídia na Set Comunicação, house da Educadora 7 de Setembro.