O jornal Extra publicou nesta terça-feira (26/1) reportagem na qual reúne análises de diversos cientistas brasileiros sobre a necessidade de negros e pobres serem tratados como públicos prioritários da vacinação antiCovid no Brasil.
O alerta é necessário porque o Plano Nacional de Imunização, elaborado pelo Ministério da Saúde, não faz essa distinção e, até o momento, a orientação é de aplicar doses em profissionais da saúde e idosos, sem distinção racial.
Além disso, diversas pesquisas já apontaram que é a etnia negra a mais afetada pelo novo coronavírus no Brasil. Ou seja: negros e negras morrem mais do que brancos e brancas. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), negros/as são 75% dos pobres no país.
E são as populações mais pobre as mais expostas à Covid. Por vários motivos: muitas pessoas negras não tiveram a opção de fazer quarentena e tiveram que trabalhar presencialmente; bolsões de pobreza não oferecem possibilidade de distanciamento social e higienização, peça chave para o combate ao coronavírus; regiões de baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) também sofrem com pouca estrutura de atendimento em saúde; dentre outros fatores.
“Os pobres, em especial os negros, são obrigados a se expor mais, adoecem mais e morrem mais de Covid-19 no Brasil. Por isso, é justo e necessário que haja prioridade para eles. E isso é totalmente factível de realizar”, afirma o professor de epidemiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Medronho.
“Em março, alertei que essa pandemia deixaria escancarada a obscena desigualdade no Brasil. Espero que em dois meses tenhamos vacinação maciça e a parcela mais vulnerável da população não seja, de novo, negligenciada. Pobres e negros devem estar entre as prioridades”, complementa a pneumologista e pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcomo.
O Ministério da Saúde não comentou a proposta.
O Ceará Criolo é um coletivo de comunicação de promoção da igualdade racial. Um espaço que garante à população negra afirmação positiva, visibilidade, debate inclusivo e identitário.