Autor: Bruno de Castro

Comunicólogo e mestre em Antropologia, é especialista em Jornalismo Político e Escrita Literária e tem MBA em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais. Foi repórter e editor dos jornais O Estado e O POVO, correspondente do portal Terra e colaborador do El País Brasil. Atua hoje como assessor de comunicação. Venceu o Prêmio Gandhi de Comunicação, o Prêmio MPCE de Jornalismo e o Prêmio Maria Neusa de Jornalismo, todos com reportagens sobre a população negra. No Ceará Criolo, é repórter e editor-geral de conteúdo. Escritor, foi finalista do Prêmio Jabuti de Literatura 2020.

Como o jornalismo não enfrenta uma crise seríssima, o Brasil não tem um presidente babaca e nossa política não está no fundo do poço, um homem branco julgou por bem gastar tempo provando o quanto a primeira mulher negra a apresentar o Jornal Nacional em 50 anos é incompetente. Racismo puro e descarado. Até vídeo com os erros de Maria Júlia Coutinho o cara fez. E um monte de site publicou notícia sobre uma suposta preocupação da alta cúpula da Globo diante da suposta insegurança da moça. Não deu outra. A suposta insatisfação ganhou o mundo. Em segundos. Maju assumiu…

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Eu tenho acompanhado com muita empolgação todo o frenesi em torno de Pose, a série de canal FX sobre os bailes clandestinos dos anos 1980 nos Estados Unidos. Mas uma “coisinha” tem me chamado bastante atenção nessa farra toda. Estamos, mais uma vez, “esquecendo” de colocar nos devidos termos a questão racial. Porque sim: Pose é uma série sobre o povo preto. Tanto quanto é sobre a comunidade LGBTQIA+. Ou até mais, a depender do prisma de observação. Vejo todo mundo celebrando o fato de o casting contemplar praticamente todas as letrinhas. Mas caso a galera não tenha percebido, e…

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Ellen Oléria tem um discurso muito claro. O amor. É por ele que ela tem a certeza da mudança dos tempos. É de braços dados com ele que ela abre espaço num mundo cheio de ódios e intolerâncias. E diz na maior das facilidades sobre a necessidade urgente de a gente amar mais, mesmo que na menor das acontecências. Se é pra falar de tristeza, que se perca saliva pela alegria. Se é pra tratar do ruim, que se pregue o bem. Se é de promover quem não se gosta, que se faça justo o contrário. Tão simples que chega…

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Um dos maiores festivais de música do mundo decidiu que era legal ter na edição deste ano um palco chamado “Espaço Favela”. Vi ontem na televisão. No telejornal de maior audiência do Brasil, veiculado pela maior emissora do país e uma das maiores do planeta. Estou falando do Rock in Rio. Do Jornal Nacional. Da Rede Globo. Estou falando da minha indignação diante disso tudo. E, principalmente, do modo como isso é tratado com uma normalidade assombrosa. Pior: muita gente comemora porque o “Espaço Favela” vai, como bem frisou o JN, “revelar 20 talentos das comunidades do Rio de Janeiro.”…

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Ter a pele escura nunca foi um problema existencial pra mim. Falar de cor e sexualidade em casa é sempre muito confortável. Essa rotina me ensinou duas coisas muito cedo: 1) não baixar a cabeça para quem tenta me humilhar por eu ser preto; 2) não dar satisfação da minha orientação sexual para ninguém. Isso fez com que eu, há algum tempo, entendido de conceitos e do que eu sonho para mim, decidisse me afirmar publicamente como homem negro e gay. É assim que faço questão de ser visto na família, no trabalho, pelos amigos, nas redes sociais e nos…

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Estou à beira dos 33 anos. “Um terço do caminho”, um amigo me disse certo dia. “Idade de Cristo”, ouço sempre. “O tempo astral da mudança”, uma amiga ensinou meses atrás. Lembrei disso tudo e constatei o bocado de coisa que atravessei até aqui. E que formam quem sou hoje. Pro bem e pro não tão bem. Não, não estou no inferno pré-aniversário. Só me peguei pensando e fiz uma listinha mental. Fui xingado incontáveis vezes, apanhei da Polícia, recebi voz de prisão de delegado, levei pecha de ladrão, me privaram de viver uma experiência, a mulher mudou de calçada…

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