Autor: Maia Neto

Cuidador online, psicólogo clínico e acompanhante terapêutico. CRP 11/15308. @maianetopsi

Desde o fim do ano passado, 2021, penso para mais longe, aqui. Ano de eleição-guerra. Ano do começo do fim do mestrado. Ano dos quase 30. Ano-que-vem-depois-o-que?De um tudo, o que mais me assusta é a eleição-guerra, que vem mais ou menos com um gosto agridoce de ter conseguido sobreviver ao mandato bolsonarista com tanta ladeira abaixo (redefinindo o que é estar no fundo do poço nesse país) e também dos sinais de preparação eleitoral (as liberações de armas à população, as deliberações arrastadas de uma CPI etc). Com certeza, isso tudo vai ser linha numa costura do que é…

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[Além de estar no Brasil, entre 1500 até 2021, este texto contém gatilhos emocionais para pessoas não-brancas] Em uma aula sobre Saúde Mental da População Negra, em uma pausa, daquela de segurar um pouco a respiração antes de soltar informação, a professora arrematou: existe um Instituto Médico Legal (IML) chamado Nina Rodrigues, em Salvador. Pesquisei: av. Centenário, s/n, Garcia, 2 km da Baía de Todos os Santos. “Como pode, logo um reconhecido criminalizador de corpos negros, levar nome de algo em uma cidade como Salvador?”. E ficava pensando: “E como não seria assim?”, repetindo nas outras aulas, como se entendesse…

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Numa discussão, estávamos em um quarto-kitnet alugado. Eu em pé; ele, numa cadeira. Era pela manhã, prato sujo e xícara usada na mesa. A insistência veio de mim. “Esse é o problema: comunicação. Eu me canso de ficar adivinhando ou interpretando o que você quer dizer. Isso [dificuldade de expressar] não é meu. Fala, criatura! Diz!”. “Falar é coisa de branco”, respondeu. Então, ele começou uma contação de cenas que envolviam o atual trabalho (com gente branca, sem noção) até aparecerem histórias mais antigas, de uma vida. Sala de aula, grupos de pessoas, falar-falar-falar. Estar num lugar de falatório, de…

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Não existe Psicologia Preta, Afrocentrada ou Antirracista. Reformar o nome não é mudar. Separar pode ser, como rebote de uma estratégia que pretende incluir as relações raciais e desresponsabilizar o núcleo-duro, que ainda vai ser somente chamado de Psicologias. A especificidade, a outra, “àquela lá” define a dependência de usar como referência um ponto universal, completo, total. Nós, que somos e ocupamos uma área não feita para nossos problemas, curas, corpos e danças, lidamos com uma cena: no limite da Psicologia, a fronteira. Podemos costurar ainda mais a psi com outras áreas, como as Artes, as Matemáticas e a Educação,…

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